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Caro Dr. Leandro Lages

Resposta do Padre Leonardo Sales

22/01/2015 12:18

Em um texto recheado de conhecimento, o Batalhense Leonardo Sales, Padre da Diocese de Lins-SP e atualmente fazendo mestrado em Roma, reafirma suas inquietações que foram contestadas pelo advogado, filho da Prefeita de Batalha e ex-secretario de Administração do município, Leandro Lages.


Em uma leitura fluente, o sacerdote expõe e contrapõe tudo o que foi dito em uma matéria intitulada "Resposta ao Padre Leonardo Sales". Apesar de um pouco extenso, o artigo do dileto Padre expõe sob a luz da verdade a mais pura realidade do município de Batalha e as aflições do povo Batalhense. Uma leitura prazerosa e que vale a pena ir até o final.

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Caro Dr. Leandro Lages, 

Obrigado pela sua resposta às minhas inquietações de cidadão político, que sem interesses e sem partido político fiz à atual administração da qual o senhor participou como secretário, eu não só esperava essa resposta, como no fim do meu artigo a solicitei a quem a pudesse responder, assim terminava o referido texto �€œEstou aberto à resposta, desde que sejam inteligentes e coerentes com a verdade!�€. Que bom que vivemos tempos democráticos onde podemos expressar a nossa opinião, e creio eu, que elas contribuem para o fortalecimento da Democracia, ainda uma criança que dar seus primeiros passos no nosso país!

Esperava que a nossa prefeita de próprio punho elaborasse a sua resposta, porém, como vivemos tempo em que os administradores têm seus assessores, deixou esta tarefa para o senhor, que a fez bem, porém, não entendeu bem a minha exigência a única feita no texto, que a repito: �€œEstou aberto à resposta, desde que sejam inteligentes e coerentes com a verdade!�€. Sendo o senhor um advogado, não desconsidero a sua capacidade de escrever e argumentar, até aqui você cumpriu metade da minha única pobre exigência, �€œinteligência�€, no que toca a coerência com a verdade, não estou convencido, e creio que qualquer pessoa que age não motivada por paixões políticas pela atual administração, mas pela Justiça, e isenção de interesses, tão raro, porém, possível!

O senhor é advogado e escritor de duas obras na área do Direito, e não se passa por um nível de estudos como o seu sem ter conhecimento do conceito de verdade, o que eu aprendi vem de São Tomás de Aquino, Doutor Angélico e o mais erudito e genial mestre e produtor teológico de que o Cristianismo tem notícia, ele com santidade e maestria a conceitua, assim: �€œA verdade é o meio pelo qual se manifesta aquilo que é.�€

A manifestação daquilo que é, ou seja, aquilo que é se manifesta, e não subsiste à mentira e ao engano, a dissimulação, porque o que é se manifesta. Com desdém o prepotente Pilatos perguntou a Jesus o que era a verdade, mas não esperou a resposta e o entregou à morte e lavou as mãos!

Todo o seu esforço de me ajudar com seus esclarecimentos a perceber o meu possível equívoco diante das minhas inquietações e enxergar melhor a verdade, como assim se expressou: �€œE como estudioso que o senhor é, tenho certeza que a busca da verdade consiste em um grande propósito em sua vida e em suas convicções.�€, é em vão diante das evidências, que não as descreverei, pois os atos falam por si mesmo, e temo ser muito longo diante do óbvio e muito breve diante do inevitável, entre as duas coisas, ainda prefiro não ser omisso, por isso destacarei alguns pontos que o senhor procurou, em vão, tentar responder no seu texto! 

Sua resposta chega a ser motivo de risada para alguns. Em algumas páginas você consegue mostrar o que um verdadeiro secretário administrativo não pode ser. Seus pares sentiriam vergonha de ler o que você disse em sua resposta, que não foi tido na verdade a mim, mas à população de uma cidade. O irônico de tudo isso é que, enquanto você escreve procurando justificar a conduta de uma administração que não só perdeu o rumo, pois se perde quando pelos menos se procurou o rumo, os fatos se encarregam de mostrar a tão amada verdade, que o senhor se propôs a me ajudar a encontrá-la.

O senhor fez toda uma enorme ginástica matemática e administrativa para me fazer entender a Lei de Responsabilidade Fiscal, quase me convence, não fosse a publicação do Decreto Nº 001/2015 de 16 de Janeiro de 2015, que faz a convocação de 15 aprovados no Teste Seletivo realizado em agosto de 2013. Os motivos dados pelo senhor desmoronaram diante da verdade, nada contra os aprovados que foram enfim chamados para trabalhar, o problema é que, não poderão ser pagos porque se a administração quer se adequar à Lei de Responsabilidade Fiscal e fez demissões, como faz agora contratações?

Talvez sejam servidores para compor os quadros da Saúde, porque na matéria da TV Clube, senti vergonha de ver divulgado em todo o Piauí, que uma senhora que precisa de remédios para controlar a pressão não tenha nem onde bater, porque a porta do suposto posto é uma cortina!

Caro Dr. Leandro, gostaria muito de ter emitido uma opinião positiva sobre Batalha e sobre tudo que vi em alguns dias de convivência na cidade. Porém, não tinha motivações para tanto, e como o senhor disse, como estudioso, procuro a verdade, e infelizmente, não poderia mentir, talvez se eu tivesse escrito um belo texto elogiando e destacando os feitos dessa administração, a resposta a seu artigo não seria possível! Pois se eu não expressar a minha opinião, fazer o meu protesto e revelar a minha indignação, estarei me sujeitando à condição de vaca de presépio ou peça de rebanho, como muitos que poderiam se manifestar e não o fazem, é preferível a honestidade de consciência, que a falsidade dos subjugados pelas barganhas do poder!

Diante disso, repito que as festas de fim de ano não merecem o tratamento que receberam. Não estou sugerindo que a Igreja Católica tenha tratamento diferenciado na realização de seus eventos, que mais que evento como o senhor chama, é celebração da fé de um povo, portanto, estamos falando de identidade cultural.

Não concordo com o senhor quando diz que os festejos não têm potencial turístico, segundo a capacitada e referenciada orientação do SEBRAE, que fez com que a administração voltasse os seus olhos para a Festa do bode que está só na sua 9ª edição, e se desdobrasse em arrecadação de recursos e investimentos para viabilizá-la!

A Igreja matriz tem 200 anos de construção, mas não só os motivos de antiguidade deveriam ser fundamentais para a sensibilização da administração, no apoio a esta festa, mas também os motivos que destaco a seguir.

Não é possível falar de Batalha, ou dos batalhenses, sem se passar por suas festas - e, no nosso caso em particular, pela tradicional festa de São Gonçalo.  Mas, não podemos ignorar que além dela existem outros conjuntos de sinais e símbolos a serem lidos e analisados à luz das especificidades que nascem em torno a esta festa, tão antiga quanto a nossa história.

Em suas formas de expressão, nas instituições e ritos que ainda definem seus grandes atores, nas referências aos vultos do passado que ainda povoam o imaginário da festa, as celebrações em louvor ao santo português, que vivera na Idade Média, revelam fortes ecos de um passado festivo sobre o qual é preciso, portanto, nos debruçarmos, se quisermos entender os seus significados. Um mundo feito de continuidades e mudanças, do novo e do velho, que na festa continuamente se recria e se transforma.

Na dinâmica particular das formas de sociabilidade que a festa de São Gonçalo põe em movimento, reside uma trama de símbolos culturais construídos, historicamente, indicando que �€œo presente seja lá qual for, é reconhecido enquanto passado�€.

A celebração festiva do padroeiro, que se repete há mais de um século está viva pelo sentido que imprimiu e continua a imprimir em nós. Sem dúvida, sofrendo os arranjos e interferências que lhe impõem sua situação atual, mas ao mesmo tempo, conservando sua identidade por meio da manutenção desta tradição que serve de referência à cidade e enche de sentido o nosso cotidiano.  

As cerimônias festivas e religiosas fazem parte da cultura e tradições populares. Reafirmam laços sociais, reúnem e resgatam lembranças e emoções. Expressadas pela dança, canto, culinária, devoções, pois o que vale mesmo é a união, a nostalgia, a festa, o reencontro com os amigos, a celebração da fé e o compromisso evangélico, que deve nascer de tudo isto.

E, infelizmente a Festa do bode, mesmo não negando o seu potencial econômico, não possui um referencial simbólico!  

O que falta é um projeto que viabilize tudo isto, com atenção para a cultura, não fiquemos na superficialidade das constatações, o desafio é ir ao fundo da questão. Façamos a Festa do bode, mas também preparemos a cidade dignamente para viver o seu tempo de festa com decência e oportunidades a quem nos visita!

�‰ tudo isto que deveria ser considerado, mais que pagar uma banda de música, ou dar jóias em leilões para ter o nome anunciado aos quatro ventos, enfeitar a praça com luzes e presépios de péssimo gosto, falo de um projeto que valorize estas realidades, porém, falta sensibilidade dos administradores, não só de hoje!

São nessas manifestações simples que a exuberância do batalhense se mostra por inteira, e é também por isso, que o nosso povo é conhecido pelas festas e animações tão características.

Quanto à questão das drogas, quero lhe agradecer pela sua sensibilidade, o senhor tem razão quanto diz que é um problema mundial, e que é responsabilidade de todos, eu estava curioso para conhecer o projeto da Secretaria Municipal de Educação em relação à prevenção nas escolas, porque posso satisfazer a sua curiosidade sobre o que a Igreja Católica tem feito sobre esta situação lastimável.

Não sei se o senhor sabe, eu sou padre da Diocese de Lins-SP, onde é o bispo Dom Irineu Danelon, este senhor na altura dos seus 75 anos de vida, 40 deles dedicados aos dependentes químicos, fundou a Pastoral da Sobriedade, que se ocupa da prevenção e recuperação de pessoas dependentes de drogas com projetos de prevenção e casas de recuperações, e todos nós, seus padres temos compromissos claros com esta pastoral.

Quando estive aí em Batalha, por diversas vezes, fiz o meu papel de alertar a comunidade mediante minhas reflexões, clamando pela união das forças contra o mal da droga, ou o leão destruidor como me referi, se o senhor estivesse presente teria ouvido o meu grito. Como estou tão longe de Batalha, (e creio que o senhor pelo cargo que ocupou more na cidade), e corro o risco de ficar só no discurso, que é um perigo não só para mim, mas para todos nós, sugiro que o senhor tome as rédeas deste movimento, não lhe faltarão apoio, inclusive da Igreja e da sociedade civil, como ficaríamos contagiados com o exemplo do Dr. Leandro Lages, Mestre em Direito pela Universidade Católica de Brasília, passeando pelas ruas do pobre bairro Pedra do Letreiro e em grupos de prevenção contra a droga, fazendo acontecer o projeto da vida!Nos dê esta alegria!

Doutor a sua ironia atingiu o ápice no parágrafo onde pede a minha intercessão para ajudar a pechinchar o preço do terreno da igreja que está impedindo o projeto do anel viário, junto à paróquia de São Gonçalo.  O fato é que esta novela desse anel vem de longe e tem rendido votos a muitos políticos, vem de longe a história da construção dessa via para desafogar o trânsito das ruas da cidade.

Assim, como o senhor me ajudou nas informações para eu entender a razão da demissão dos servidores concursados, por falta de recursos, ou adequação à Lei de Responsabilidade Fiscal, como assim explicou e não justificou a questão, quero também ajudá-lo no que toca a essa questão do terreno da paróquia.

Não sei se é do seu conhecimento que metade das terras do município de Batalha, pertenciam por doação de proprietários de terra a São Gonçalo, eram doações de fieis e devotos do santo, dentro do quadro histórico da época. Na administração do Sr. Humberto Tabatinga, estas terras foram desapropriadas em favor do município, e o fez bem. De forma que para a Paróquia restaram poucas terras, ou quase nada, entre o que restou está o referido terreno em questão.

Eu posso interceder junto ao padre ou mesmo ao bispo de Parnaíba para ajudar a resolver este empecilho, se é só isto que realmente falta para a obra começar. Porém, façamos um acordo em público, que quero, seja religiosamente cumprido, nos seguintes termos de esclarecimentos. Antes da negociação entre a Prefeitura e a Paróquia que seja mais evidenciada e esclarecida a questão do aluguel de um terreno para depósito dos veículos do município. Se a Prefeitura pode desembolsar 2.500.00 ao mês perfazendo, segundo dados mostrados na reportagem da TV Clube, R$ 42.000,00 por ano para pagar o aluguel de um depósito de carros, numa contabilidade que está causando dúvidas aos contribuintes, pois, R$ 42.000:12 = 3.500,00 + 2.500,00 = 6.000,00 mensais diante disso eu pergunto por que falta dinheiro para a compra do terreno da Paróquia, ou mesmo para uma indenização?

Os mesmos devotos, senhor Leandro, que sofrem com o problema do trânsito, sofreriam também de peso de consciência por lesar os bens sagrados. Porém, se ficar comprovado a carências de recursos para aquisição do terreno, sugiro à paróquia alugar pelo mesmo valor à prefeitura outro terreno sem uso pelo mesmo preço que se paga pelo da reportagem em questão, assim pelo menos as flores para o altar de São Gonçalo, estariam garantidas, imagine RS 6.000,00 só para flores?

E daria boas noites de sono ao senhor vigário da cidade!E ainda sobrariam alguns trocados para ajudar a Prefeitura a comprar alguns sacos de cimentos para tapar um buraco que vergonhosamente depõe contra a administração, o que vos impede de tapar aquele buraco? 

Dileto Leandro cheguei a ler todas as suas respostas também com grande interesse. Porém, o senhor disse não ter entendido bem o trecho onde questionei algumas construções que não condiz com os rendimentos dos proprietários, e diz que espera que eu não tenha me referido à sua mãe nem ao seu pai. Se você reler o texto, eu me refiro à Batalha, e não me referi a nenhum nome. Para a sua informação eu não conheço a propriedade de sua família, nunca estive naquele local, sei apenas que se chamam Cocos. Apenas disse que a quem servisse a constatação que fizesse bom uso. Sem comentários! 

Recebo com grande admiração a informação que seus pais residem na zona rural numa casa com modestas instalações, tão humildes quanto à casa paroquial de Batalha, esta agora reformada e adequada com novas instalações, onde a transparência na aplicação dos recursos dos fiéis é tão clara como as águas que segundo me disseram jorram dos canos do sistema de irrigação fertilizando as terras dos Cocos, e aplicados com a mesma agilidade dos peixes que nadam nos poços de piscicultura!

Mais admirado ainda fiquei em saber o bem que sua família está fazendo a estas 50 famílias beneficiadas com a caridade de seus genitores! Na minha visita a Batalha, pude celebrar o batismo de mais de 200 crianças, entre eles estava um neto de uma dessas famílias que me disseram morar por aquelas bandas, após a longa celebração pude partilhar do pão e da alegria dessa família, num almoço simples que ofereceram na residência dos pais do menino. Ah! que alegria seria para os avós dessa criança a presença dos seus benfeitores que com certeza apreciariam esta presença amiga, queria eu também tê-los encontrados por lá!

Queria ter lido doutor a sua resposta sobre o silêncio e a subserviência da atual Câmara de Vereadores, porém, sobre isto nenhuma palavra. O seu silêncio só não fala mais, que a omissão deles em diversas situações da vida dessa cidade!  Fiquei triste quando, li num site aqui na internet o esclarecimento de um vereador, que se desculpava com o grande público ao informar que seu padrinho político está muito satisfeito com sua atuação na Câmara Municipal, quando li isto, tive que reler porque pensei estar me equivocando se era aquilo mesmo que eu havia lido e, constatei que eu sou um grande babaca por entender que a satisfação de atuação de um homem público deveria ser dada à população que o elegeu e não a um grupo ou a uma pessoa em particular! 

Dourtor Leandro a história não tem donos. Muito menos os processos libertadores. Ajude-me a entender também, esta situação de silêncio de nossos vereadores, me ajude a recuperar a crença que a História tem, sim, protagonistas que não se deixam seduzir pelas benesses do inimigo, cooptar por mordomias, corromper-se por dinheiro ou função. Que ainda existem homens públicos que nunca confundem alianças táticas com as estratégicas. Ajude-me a recuperar a minha credibilidade ética nesta casa e, sobretudo nas bandeiras que exigem reformas estruturais de nosso município.  

O senhor me acusa indiretamente de ser leviano na minha interpretação da situação que gerou o meu texto, quando assim se expressou �€œGostaria apenas que da próxima vez o senhor procurasse visualizar os dois lados da moeda antes de emitir uma opinião.�€ Caro doutor eu não tenho lado, tenho sim opinião, elas são motivadas por um grande amor que tenho por Batalha, quero com isto reforçar as mesmas palavras já ditas aqui, eu não tenho partido, eu tenho vergonha e indignação e amor por Batalha!E não aceito ver a minha esperança e de tantas pessoas sendo corroída pelos vermes do poder!

Dê-me razões para elogiar os feitos dessa administração e o farei com honestidade! Não sou contra A ou B, e a favor de C, meu compromisso é com o Evangelho! Meu desejo é que a atual administração acerte o passo, faça Batalha crescer, é verdade que nenhum governo agrada a todos, porém, é mentira que ao menos metade desse povo que elegeu a atual Prefeita esteja satisfeito! Talvez esteja eu equivocado, a TV Clube também esteja fazendo uma campanha de perseguição contra a administração, e as pessoas que pensam diferente sejam só invejosas dos bons salários que são pagos e, que a realidade atual não é bem vista, porque os olhos da maioria estão envoltos numa nuvem de fumaça que os impedem de ver qual benéfica é esta gestão!

Obrigado pelo seu elogio à minha sensibilização social. Espero sinceramente que não seja só ironia discursiva! De fato, como o senhor disse tenho grande carinho por esta cidade e me entristece vê-la sem progresso e crescimento. Ao contrário do que o senhor diz a minha missão não se encerra em Roma, ela renasce e si inicia, pois, os conhecimentos adquiridos aqui não são nem privilégio ou vaidade, não gostaria de ser um mestre, e voltar para o Brasil com um título de uma universidade européia, para galgar salários astronômicos e me dar uma posição de destaque social, quero contribuir para fazer este mundo melhor, onde todos tenham oportunidades, não creio em loteria biológica, eu creio em Justiça!

O último parágrafo de sua resposta revela a meu ver mais que um desejo, revela a sua preocupação, o texto nem necessitaria da sua assinatura, porém, foi nele que você revelou a sua infelicidade total na interpretação das minhas inquietações!Eu não quero ser prefeito!Pelo menos não é um projeto de vida no atual momento da minha trajetória.

Doutor eu nunca fui filiado a nenhum partido, talvez o senhor não saiba e muitos possam ignorar. Tampei os meus ouvidos ao canto das sereias. 

Terra prometida não é um lugar geográfico Dr. Leandro é um símbolo que aponta para a satisfação do desejo humano de plenitude, algo que a Política não é capaz de realizar e lhe digo porque:

Assim é a política: horizontes de sonhos para os quais se caminha sob o peso das bolas de ferro presas ao tornozelo. Não há rotas lineares; todas são labirínticas, acidentadas. Em cada curva, uma surpresa, obrigando o viajante a mudar de ritmo e refazer seu mapa. Nas costas, a sacola atulhada de vaidades intransponíveis, maledicências, frituras e bajulações desmedidas.

Nela se ingressa sem passar pela prova da competência, nem se exige atestado de integridade moral e, no caldeirão dos eleitos, misturam-se honestos e safados, probos e corruptos.

Financiada pelo contribuinte, a política administra recursos que bem podem ser canalizados para favorecer os direitos da maioria, ou desviados para engordar contas escusas, atividades ilegais, caixas de campanhas ou mordomias injustificáveis. Ladrões da bolsa pública não costumam arrombar o cofre da legislação. Conhecem o seu segredo e, assim, julgam-se inocentes por enfiarem a mão na brecha percebida entre o emaranhado de leis.

Assim é a política: discursa enfatizando o interesse público, mas o orador tende a pensar primeiro em seu alpinismo rumo ao cume do poder. Como a escalada é longa, difícil e perigosa, ele aprende a fazer concessões, abrir mão de princípios, enveredar-se por atalhos suspeitos, reinterpretar suas antigas convicções, desde que não retroceda.

A política não é um campo aberto, no qual o Sol destaca frutos e flores. �‰ um cipoal sobre um pântano. Qualquer passo em falso, a queda pode ser fatal. Nem é a política o reino maniqueísta do claro e escuro, certo e errado, bom e mau. Tudo se mescla, as cores se misturam, as posições são flexíveis; as opiniões, elásticas. O que é hoje pode não ser amanhã. O que se diz agora não é necessariamente o que se fará depois. O vidente de ontem pode aparecer, hoje, como um cego desprovido de tato.

Assim é a política: uma dança em que cada bailarino escuta um ritmo diferente. Uma orquestra em que cada instrumento toca uma música distinta. Um coro em que cada cantor entoa segundo sua própria conveniência.

A política é o resultado da sociedade que a produz e, em seu espelho, reflete todas as contradições. E ainda que as estruturas sociais fossem justas, a política continuaria a ser o efeito dos defeitos do coração e dos desvarios da razão �€” que não são poucos, enquanto o ser humano não for capaz de reinventar a si mesmo.

Assim é a política: entre tanto esterco, um diamante lapidado, um administrador eticamente ousado, um parlamentar que perde o mandato, mas não a moral. Mas nela também há lugar para o jogo de cena, a mentira deslavada e as lágrimas de crocodilo.

A política é uma senhora sisuda que se julga bela e sedutora, acima de qualquer juízo. Irrita-se quando a criticam. Odeia cobranças. Mas mendiga, em cada esquina, reconhecimento e elogios. Alimenta-se da mesma ração de Narciso.

Assim é a política: contraria as leis da Física, pois nela dois corpos ocupam o mesmo espaço, e o quente é frio e o frio é quente. E também da Geometria, pois duas paralelas se encontram bem antes do infinito. O que hoje atrai, amanhã repele; o que agora aproxima, depois distancia. E toda vez que o Sol sobe, as estrelas vão atrás. Insaciadas com o brilho próprio procuram como a Lua, também refletir o dele.

Lembre-se Dr. Leandro: para fazer a omelete é preciso quebrar os ovos. Mas não se exige sujar as mãos.

Obrigado por ler a minha resposta! Quanto a mim esta conversa está encerrada. Prefiro continuar a assinar Pe. Leonardo, pois, uma pessoa não é prefeito (a) ele ou ela estar prefeito (a), enquanto, o Padre é padre no céu, e até nos infernos! E como tal, continuarei orando pela sua felicidade e de toda a sua família! 

Se depois do que escrevi o senhor ainda estiver disposto a me apoiar no que penso e faço, nos unamos e façamos uma história nova, do contrário obrigado pelo seu apoio, pois, talvez rezamos em livros diferentes! Enquanto não tenho a sua resposta, continuarei com o apoio de outro Advogado, o Paráclito, o defensor, ou seja, o Espírito Santo, que ele me livre de toda arrogância e me faça cada dia mais consciente dos meus limites, na mesma proporção dos meus direitos e deveres sociais e políticos!

Pe. Leonardo de Sales.

Edição: Célio Jr
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