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Prata em 2004, René Simões exalta Formiga e garante: "œMarta jamais abandonaria a Seleção"

Exclusivo! O treinador avaliou a participação das meninas na Olimpíada de 2016 e deu a sua opinião a respeito do crescimento do futebol feminino

18/08/2016 20:00

Por Tauan Ambrosio 


A semifinal olímpica do futebol feminino contra a Suécia deixou boas lembranças para Marta, Cristiane e Formiga. Afinal de contas, a vitória veio - apesar da dificuldade imposta pelas escandinavas. Só que o gol anotado por Pretinha aconteceu em 2004, nos Jogos de Atenas. Se o roteiro fosse repetido na última terça-feira (16), no Maracanã, as meninas estariam na decisão da Olimpíada de 2016.

Caíram de pé, como se diz quando a derrota não é muito bem uma derrota. Mas não esconderam a tristeza. Sentimento compartilhado por milhões de brasileiros, inclusive René Simões. O treinador, um dos responsáveis pela primeira medalha de prata da Seleção Feminina, lamentou a derrota nos pênaltis para a Suécia. Principalmente por causa da preparação realizada antes dos Jogos, bastante elogiada pelo técnico.

“Lamento, porque essa Seleção vinha muito bem preparada”, disse para a Goal Brasil. “O time jogou muito bem, muito bem arrumado no campo, organizado”.

Mas então o que faltou para as meninas avançarem, pela terceira vez, para uma final Olímpica? Para o treinador (que também falou sobre a ‘monstruosidade’ de Neymar em entrevista) o aspecto físico acabou sendo o diferencial, o detalhe. Principalmente levando em consideração que esse é um dos pontos altos das suecas.

Em 2004, a Seleção Brasileira treinada por René Simões venceu a Suécia e se classificou para a final (Foto: Clive Mason/Getty Images)

No Maracanã com mais de 70 mil pessoas, a Suécia bateu o Brasil nos pênaltis, na semifinal (Foto: Buda Mendes/Getty Images)

“Era uma seleção que estava um pouco cansada pelo período extra do jogo anterior (contra a Austrália, nas quartas de final) e o período extra nesse”, destacou René. “No segundo tempo, e na prorrogação, elas não estavam mais tão exuberantes quanto no primeiro tempo e em outros jogos. A gente sabe que, fisicamente, as mulheres suecas, no futebol, sempre vieram mais bem preparadas nesse aspecto – como as alemãs, as americanas. Mas eu acho que isso tudo tende a melhorar. Eu lamentei muito por elas não terem passado”.

Apesar do lamento, o time feminino reservou momentos de muita alegria para René Simões. O treinador era um dos mais de 70 mil torcedores presentes no Maracanã, e voltou a gritar como não fazia desde os tempos de menino quando o nome de Formiga, que disputa Olimpíadas desde 1996, foi exaltado.

Formiga na Olimpíada de 1996, em Atlanta (Foto: DOUGLAS COLLIER/Getty Images)

Aos 38 anos, Formiga segue mostrando habilidade e disposição pelo Brasil (Foto: Mark Kolbe/Getty Images)

“Eu cheguei até a escrever no meu Instagram, que desde Pelé e Garrincha, quando eu era menino, não me pegava gritando o nome de um jogador. E eu me peguei gritando o nome da Formiga”, confidenciou. René classifica a camisa 8 da Seleção como “brilhante”, e não sabe explicar de onde ela tira, aos 38 anos, tanto fôlego.

“Teve uma hora que ela estava na ponta esquerda, fez um cruzamento, sofreu um contra-ataque e foi lá na lateral-esquerda, deu um carrinho na linha de fundo e salvou aquela bola. Impressionante. A leitura de jogo, a movimentação constante... a Marta é o Pelé de saias, mas a Formiga é a jogadora mais inteligente que eu já vi. Eu nunca vi uma pessoa tão inteligente, jogando futebol, como ela”.

Marta, aliás, merece um capítulo à parte na conversa com René Simões. O treinador teve uma excelente relação com a maior jogadora da história, e é por conhecer a camisa 10 que ele acredita que a Rainha não vai abandonar a Seleção Brasileira por causa de mais uma decepção em termos de resultado.

"Acima de tudo, ela é uma vencedora", elogia René Simões (Foto: Pedro Vilela/Getty Images)

“Eu conheço bem a Marta. Ela jamais abandonaria a Seleção por qualquer tipo de decepção. Isso não faz parte do currículo dela não. Acima de tudo, ela é uma vencedora. Pode ser até que, por causa do desgaste, cansaço e a idade chegando, aconteça isso. Mas não por decepção, de não chegar a medalha, embora ela merecesse muito”.

Independente de qual seja o futuro de Marta na Seleção, ela ainda tem um jogo a fazer. Nesta sexta-feira (19) o Brasil disputa a medalha de bronze com o Canadá, e René Simões mandou um recado para as meninas: “Um dia a gente ganha, outro dia a gente perde. O que a gente tem que saber é que tem uma zona de equilíbrio, na qual quando eu ganho eu não posso ir lá para cima, tocar nas estrelas, e nem quando eu perco eu posso ir lá para baixo, tocar no túmulo e achar que acabou tudo”, afirmou.

E René usa esse mesmo equilíbrio para avaliar o crescimento do futebol feminino, baseado nos resultados das meninas na Olimpíada: “vai continuar crescendo como vem crescendo: a passos medidos, não tão rápido quanto poderia e não tão lento quanto as pessoas acreditam. Vai continuar crescendo, não tenho dúvida. Até porque as mulheres, quando querem, conseguem. Não seria um momento com medalha que ajudaria, nem sem medalha que atrapalharia. Vai continuar crescendo, como deve ser”.

Fonte: Esporte interativo
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