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Pazini: Corinthians megalomaníaco, empresário herói, Pato piada e a imprensa que precisa mudar

Timão é o grande culpado pelo próprio prejuízo, Chelsea se aproveita e atacante tem nova grande chance na carreira mesmo sem merecer

28/01/2016 13:30

Sabe aquele jogador que você sempre se pergunta como virou profissional e está em um clube grande ou no seu time de coração? Existem incontáveis exemplos, como o emblemático caso de Doni, que nunca poderia defender a Seleção Brasileira. Acordos comerciais, corrupção e empresários explicam algumas dessas situações, e a mais nova envolve Alexandre Pato.

O atacante que surgiu como grande promessa do futebol brasileiro no Internacional nunca engrenou. Pato sempre foi expectativa demais para "realidade de menos" e depois de decepcionar o Milan, foi contratado por uma quantia inacreditável pelo Corinthians.

Os 15 milhões de euros ainda soam - e sempre irão soar - como uma piada. A contratação megalomaníaca pós-Mundial se provou um erro gigante durante 2013. Não só pelo fatídico pênalti contra o Grêmio e as atuações ruins, mas pelas comprovações: o Corinthians pagou caro demais na transação e no salário por um jogador duvidoso, que não daria retorno técnico nem financeiro. Desde o início foi comentado que o atacante não tinha a cara, o espírito e o estilo do Timão, e isso também foi comprovado em campo.

Os erros corintianos, porém, ao invés de cessar, continuaram e se tornaram amadores. O clube desvalorizou seu próprio jogador com declarações de dirigentes e o desespero público em vendê-lo. O empréstimo ao São Paulo foi a única decisão acertada, pelo retorno enorme que o time teve com Jadson e para tentar valorizar Pato novamente. O 2015 do atacante teve seus altos e baixos, mas bons momentos e exibições. O jogador sem sombra de dúvidas terminou a temporada mais valorizado que nos anos anteriores, mas ainda em baixa no mercado europeu, o que interessava ao Corinthians para tentar recuperar o investimento, e o Timão, ao invés de valorizar seu produto, se desesperou ainda mais e pecou novamente nas declarações públicas.

Um exemplo é a estúpida fala de Andrés Sanchez em julho de 2015, quando o Alvinegro já tentava vender desesperadamente o atacante ainda no São Paulo, já sabendo que o Tricolor não iria comprá-lo por não ter condições financeiras para isso e sem querer o retorno do atleta ao time de Tite. "Queremos € 10 milhões (R$ 36,8 milhões). Se não der para vender e o Pato voltar, a gente empresta para o Bragantino", brincou o ex-dirigente.

A magia manipulada

Voltando ao início da nossa conversa, Pato é o novo exemplo da mágica dos empresários - e também de como a imprensa, que muitas vezes manipula, pode ser usada e manipulada. O atacante não tinha propostas do futebol europeu. A única oferta que chegou foi da China, do Tianjin Quanjian, da segunda divisão, treinado por Vanderlei Luxemburgo. No entanto, o atacante, sempre pretensioso, rejeitou, acreditando que ainda teria espaço na Europa.

(Foto: Buda Mendes/Getty Images Sport)

Foi aí que entrou seu empresário, Gilmar Veloz. Pato queria voltar ao futebol europeu, e não para um Sassuolo - com todo o respeito - mas para um gigante do Velho Continente. Seu mercado por lá, porém, não existia e nenhum clube procurou o Corinthians e seu staff. "Curiosamente", então, milhares de notícias passaram a ser veiculadas na imprensa. O atacante, "de repente", estava na mira de Liverpool, West Ham, Tottenham e até do Barcelona.

Todas as especulações foram desmentidas, mas alguns veículos teimavam em encontrar sentido nos boatos. A imprensa e o jornalismo digital precisam mudar. O "jornalismo de clique" e o "segundo jornal, site, revista..." precisam acabar antes que seja tarde demais. No episódio envolvendo Pato, a imprensa se deixou manipular em troca de cliques e audiência, como já ocorreu em outras oportunidades. E não precisa ser nenhum gênio para saber o quanto isso é errado e antiético.

Depois de muita luta, o Corinthians enfim recebeu uma oferta do Chelsea por Pato. Inicialmente, a proposta era de compra, mas os Blues de Londres, ao perceberem o desespero corintiano em vender o atacante, fizeram jogo duro, não caíram nas tentativas de valorizar o atleta por meio da mídia, e o Timão, pagando o próprio erro, se viu sem saída e precisou aceitar emprestar o jogador.

Vai jogar?

O Chelsea se deu bem. Querendo negociar Rémy, que não rendeu o que dele se esperava, assim como Falcao - que o time não conseguiu devolver ao Monaco - e ter mais uma opção no ataque, contratou um atleta que tudo bem, não está em alta e há três anos fora da Europa, mas sem correr grandes riscos e gastar muito para os padrões do clube. Se der certo, os Blues de Londres contratarão Pato em definitivo. Se der errado, não. E com Diego Costa voltando a jogar bem, com quatro gols nos últimos cinco jogos, decidindo clássicos e sendo o melhor jogador da equipe desde a saída de José Mourinho e a chegada de Guus Hiddink, não era necessário contratar um centroavante caro para chegar e ser titular. Era preciso contratar um nome para ser opção no banco.

(Foto: Rubens Chiri/São Paulo FC/Divulgação)

E é justamente isso que Pato será. O atacante chega em um Chelsea que não está em fase sensacional e decepciona, mas está se recuperando com Hiddink. O time não consegue uma sequência de vitórias, mas ao menos está invicto há oito partidas: quatro triunfos e quatro empates.

A equipe ainda está no 13º lugar da Premier League, longe de brigar por vaga em competições europeias, não é favorita contra o PSG nas oitavas de final da Uefa Champions League, foi eliminada da Copa da Liga Inglesa e está na 4ª fase da FA Cup - enfrenta o Milton Keynes Dons neste domingo. Apesar disso, o momento é de crescimento. O Chelsea melhorou coletivamente e, individualmente, alguns jogadores estão jogando muito bem. Além de Diego Costa, Oscar e Fàbregas subiram consideravelmente de produção.

Pato não joga desde novembro e ainda espera pelo visto de trabalho na Inglaterra. Ele está sem ritmo de jogo, não fez a pré-temporada com os companheiros e precisa conhecê-los, se adaptar e mostrar serviço em pouco tempo. Ele terá de fevereiro até maio para isso. Com Diego Costa em boa fase, ele chega para ser reserva do atacante, e mesmo que seja opção aberto pela esquerda, como foi com Osorio no São Paulo, não será titular. Guus Hiddink tem armado o meio-campo dos Blues com: Fàbregas/Matic e Mikel; Willian, Oscar/Fàbregas e Hazard/Pedro. O brasileiro disputaria posição com Hazard e Pedro. Os dois não estão bem, mas Pato, além de tudo o que foi citado, precisaria jogar muito na Premier League, uma das melhores, senão a melhor liga do mundo, com alto nível e intensidade e ritmo alucinantes, o que sabemos que ele não possui.

(Foto: Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians)

É claro que ele pode dar certo e calar muita gente, mas pelo histórico, disputa de posição e pouco tempo, não acredito que Pato vai vingar no Chelsea. Além de tudo, os Blues de Londres também costumam enterrar seus atacantes. Tirando Drogba, que é um mito em Stamford Bridge, e Diego Costa, que jogou muito na última temporada e se recuperou na atual no último mês, outros avantes que passaram pelo clube na Era Abramovich não deram certo. Basta lembrar dos fiascos que foram Shevchenko, Fernando Torres, Eto'o, Anelka, Lukaku, Demba Ba, Rémy, Falcao e Mutu. Eles brilharam em outros clubes, mas nada fizeram na equipe do russo.

De qualquer forma, Pato tem que ser eternamente grato ao seu staff por lhe dar uma oportunidade que ele não merecia. Apesar de todas as complicações, ele tem a grande chance que tanto queria de brilhar na Europa e retomar sua carreira, depende apenas dele provar o contrário para todos que, como eu, não acreditam que ele vai vingar em Londres.

Além de Pato, o Chelsea torce para sua aposta dar certo e o Corinthians para recuperar seu investimento ou pelo menos parte dele. As três partes rezam para que ele dê certo. Afinal, apesar da economia com os salários durante a estadia do atacante em Londres, o Timão ainda tem um enorme prejuízo pela compra e os vencimentos já pagos, cerca de R$ 33 milhões foram gastos com o jogador, fora os € 15 milhões pagos ao Milan para tirá-lo da Itália, tudo para ele render mais no rival São Paulo do que no Corinthians. Se Pato não vingar, ele poderá assinar um pré-contrato com qualquer equipe em julho e sair em janeiro sem o Alvinegro ganhar um centavo. E tudo isso por conta de um erro megalomaníaco e atitudes amadoras.

Fonte: Esporte interativo
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