Técnico Dunga concede entrevista em Recife. 24/3/16. REUTERS/Paulo Whitaker
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Cobrado por melhores resultados à frente da seleção brasileira, Dunga criticou as constantes mudanças de técnicos no futebol brasileiro e disse que momentos difÃceis como o atual podem ser positivos para criar um grupo experiente.
“Você forja um grupo vencedor quando começa a passar pelas dificuldades. Ele começa a ficar cascudo, tem estrutura, o cara começa a ter atitude, responsabilidade e tomar decisões. Aà o grupo começa a se fortalecerâ€, disse Dunga em um seminário nesta segunda-feira.
A equipe do Brasil ainda tenta recuperar a imagem após o fracasso na Copa do Mundo em casa, em 2014, quando foi goleada na semifinal pela Alemanha por 7 x 1. De lá para cá, conseguiu bons resultados em amistosos, mas fracassou na Copa América do Chile, em 2015, e está mal nas eliminatórias -- ocupa o sexto lugar, fora da zona de classificação para a Copa da Rússia.
“A gente gosta de mudar treinador e acha que resolve tudo. Mas cadê nossas convicções?", afirmou Dunga. “Assim como muda treinador a gente é muito reticente para outras mudanças. As pessoas querem mudança dentro do campo, mas tem que ser geral. Pensamento, procedimentos.â€
Depois de dois empates em 2 x 2 com Uruguai e Paraguai nas últimas rodadas das eliminatórias, o trabalho de Dunga foi bastante questionado dentro e fora da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), e especula-se que a entidade teria sondado o técnico Tite e teria sido procurada pelo argentino Jorge Sampaoli, ex-técnico do Chile.
Dunga se defendeu das crÃticas ao afirmar que a situação do Brasil agora nas eliminatórias é muito semelhante à vivida na disputa por uma vaga na Copa de 2010, e ressaltou que no grupo atual apenas três jogadores já disputaram uma eliminatória anteriormente: Miranda, Daniel Alves e Filipe LuÃs.
“É outro campeonato, é outra competição; é outro estilo e outra forma de jogar... até parece que a gente sempre se classificou com facilidade. Sempre foi com muita dificuldadeâ€, avaliou o treinador.
"COMPROMETIMENTO"
Dunga reconheceu ainda que o paÃs, diferentemente do passado, não produz tantos jogadores de qualidade. “Continuamos produzindo jogadores de qualidade, talvez não mais em todas as posições, mas continuamos sendo uma referênciaâ€, disse ele.
Sem citar nomes, mas aparentemente num recado para o atacante Neymar, que vem sendo acusado de não ter um postura de lÃder e capitão da seleção brasileira e de se preocupar mais com o sucesso e carreira particular, Dunga afirmou que o futebol brasileiro tem de apostar mais na coletividade para que a qualidade individual possa sobressair em favor do grupo.
“Tem jogador com comportamento na Europa e quando chega no Brasil com outro tipo de comportamento. Será que a falha é do jogador ou nossa, que tratamos o jogador com paternalismoâ€, disse Dunga.
“Sem dúvida a individualidade é importante. Tendo jogadores bons e fora de série sua chance de vencer é maior. Tem que ter a parte coletiva para vitórias coletivas serem benefÃcios individuais. Cada um tem que ter comprometimento com a sua seleção e equipeâ€, completou.
O treinador afirmou que os brasileiros têm um grande defeito ao aceitar que um bom jogador “possa ser absolvido de sua obrigação coletivaâ€.
O Brasil disputa a Copa América nos Estados Unidos, em junho, sem o atacante Neymar. O jogador do Barcelona é presença certa na OlimpÃada do Rio de Janeiro, em agosto, após acordo entre seu clube e a CBF.
(Por Rodrigo Viga Gaier)
Fonte: Esporte interativo