Tradicional, com uma torcida fanática, mas ainda distante
dos holofotes dos grandes clubes ingleses e europeus. Esse é um pouco do resumo
do Manchester City antes de ser comprado pelo Abu Dhabi United Group, em 2008.
Desde então, foram investidos € 1,048 bilhão (R$ 4,1 bilhões) em reforços, e também mais 200
milhões de libras na construção do que é considerado por muitos o melhor centro
de treinamentos do mundo. E isso passa também pelo "conceito
barcelonista", pois os Citizens foram buscar na Catalunha Txiki
Begiristain e Ferran Soriano, ex-diretores do Barcelona e que hoje ocupam
cargos de chefia na Inglaterra. A cereja do bolo, Pep Guardiola, só chega na
próxima temporada. Antes, porém, a equipe enfrenta nesta terça-feira o Real
Madrid, pela semifinal da Liga dos Campeões para alcançar seu grande
objetivo desde que foi adquirido pelos árabes: dominar a Europa e o mundo. A partida terá transmissão ao vivo da TV Globo e do GloboEsporte.com, além de acompanhamento em Tempo Real no site às 15h45 (de
BrasÃÂlia).
O City teve que superar barreiras para conseguir montar
grandes times e convencer craques de que seu projeto era, de fato, sério e
vencedor. Na época em que os árabes fizeram a negociação para comprar o clube,
um dos sonhos era a contratação de Kaká. O brasileiro, no entanto, recusou a
mudança para vestir a camisa azul de Manchester e permaneceu no Milan. Mas quem
apostou na ideia e se tornou a primeira grande contratação da era milionária
dos Citizens foi Robinho. Chegou na temporada 2008/2009, após uma saÃÂda conturbada
do Real Madrid e que tinha como destino apontado por muitos o Chelsea. Hoje no Galo, o Rei das Peladas deixa claro que não se arrepende da
mudança, e que sempre acreditou que um dia o clube alcançaria o topo.
- Imaginava sim. Com toda humildade, fui a primeira grande
estrela a chegar no Manchester City e sabia que o futebol ia crescer. No
Brasil, quando você é o primeiro a jogar num clube que está em crescimento,
muita gente te critica. Como eu fui muito criticado quando fui para o
Manchester City, porque não jogava a Champions League, mas hoje é um time que
todo mundo quer jogar. É um time que paga bem, joga a Premier League, que é um
campeonato muito difÃÂcil, e briga por tÃÂtulos. E joga a Champions também.
Então, se você perguntar a qualquer jogador se ele quer jogar no City, é claro
que ele vai querer pelo crescimento que o time teve. Fico muito feliz, tenho um
carinho muito grande. Infelizmente é o único clube que joguei e não tive a
felicidade de ser campeão, mas torço muito pelo City. E tomara que ganhe a
Champions League - disse Robinho.
Pelo Manchester City, Robinho disputou 53 jogos, marcou 16
gols e deu 12 assistências. Contratado com status de galáctico, porém, sua
passagem na Inglaterra durou apenas uma temporada e meia, além de um empréstimo
para o Santos. Depois, acabou negociado com o Milan em 2010/2011. Time em
formação, frio e estrutura em desenvolvimento. Estes são alguns dos fatores
apontados pelo brasileiro pela falta de sequência nos Citizens:
- Acho que foi um começo muito difÃÂcil, pelos jogadores que
tinha (o clube) e estava em crescimento. Minha adaptação ao frio dificultava
muito, e acho que o time não tinha a estrutura que tem hoje. Talvez hoje eu não
teria saÃÂdo com um ano e meio. Foi o time que eu joguei menos tempo, com
exceção da China onde eu fiquei seis meses. Joguei no Milan quatro anos, no
Real Madrid três anos e meio. Mas no Manchester City só joguei um ano e meio.
Robinho passou, o City continuou investindo pesado e com
paciência na busca por resultados. O primeiro tÃÂtulo sob o comando dos árabes
foi a Copa da Inglaterra, em 2010/11. O tão esperado Campeonato Inglês só
chegou em 2011/12, feito repetido em 2013/14. Mas e a Champions League, o
grande objetivo? Somente nesta temporada o clube conseguiu chegar na semifinal,
até então fato inédito em sua história. Não por acaso, foi a época em que
mais investiu em reforços: € 203,70 milhões, com destaque para a
chegada do belga De Bruyne ao preço de € 74 milhões.
Se dentro de campo as coisas estão melhorando e alcançando
objetivos traçados há anos, fora das quatro linhas o City vem trabalhando para
alcançar o topo também em receitas. No ranking dos clubes mais ricos do mundo
elaborado pela consultoria Deloitte, aqueles que conseguem as maiores receitas
com bilheteria, patrocÃÂnio e direitos de TV, o City ocupa a sexta colocação com
um total de 414,4 milhões de libras. Ainda está atrás de Real
Madrid, Manchester United, Bayern de Munique e Barcelona.
Na Premier League, já é o segundo clube em receitas com a
divisão das cotas de TV, com um total de 98.5 milhões de libras arrecadados em
2014/15. Só fica atrás do seu rival de Manchester, o United, que conseguiu no
mesmo perÃÂodo 98.99 milhões de libras. E tem o elenco mais valioso do paÃÂs: €
501,71 milhões, de acordo com o site Transfermarkt. Paga a terceira maior folha
salarial, investindo anualmente 193.8 milhões de libras. E no ranking dos
maiores patrocÃÂnios de camisas da Inglaterra, é o quinto: 20 milhões de libras
por ano.
Com investimento milionário em estrutura e na base, na casa
dos 200 milhões de libras, o time de Manchester tem hoje o que
é considerado o melhor centro de treinamentos do mundo. Incluindo as
instalações para a base. Toda essa estrutura foi inaugurada em 2014. A
expectativa é que dentro de quatro ou cinco anos os frutos da base apareçam no
time principal.
São 16 campos no total, sendo 12 dedicados ao
desenvolvimento de talentos. Há um estádio para jogos da base com capacidade
para sete mil pessoas. Um campo dedicado ao treinamento e desenvolvimento dos
goleiros. Três ginásios. Piscinas aquecidas e de água gelada. Auditório pare
jogadores e treinadores, centro médico e outras facilidades.
E a questão da estrutura não para no CT, pois o Manchester
City também está preparando a ampliação de seu estádio. Hoje com capacidade
para 54 mil torcedores, o City of Manchester Stadium poderá em breve receber 61
mil torcedores. O grande rival de Manchester, o United, tem Old Trafford com
possibilidade de receber 76 mil torcedores, enquanto o estádio do Arsenal
acolhe 60 mil fãs.
Se dinheiro, gestão e paciência não faltam ao Manchester
City, é bom o Real Madrid abrir o olho. O clube inglês esperou 122 anos para alcançar
a semifinal da Liga dos Campeões, mas não quer esperar nem mais um ano para
alcançar a final. E nem mesmo a chegada de Pep Guardiola, que assume o clube na
próxima temporada com o objetivo de tornar o time o maior e mais vencedor do
planeta, pode adiar esse projeto. ÂÂ
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