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"Wendell Lira do MMA", gari concorre a prêmio mundial com McGregor e Holm

Jorge Filho, que atua no MMA nacional, disputa premiação pelo nocaute mais bonito de 2015 com campeões do UFC que fizeram história com vitórias sobre Aldo e Ronda

13/01/2016 12:56

De um lado Conor McGregor, campeão peso-pena do UFC ao atropelar José Aldo em 13 segundos. Do outro lado, Holly Holm, que nocauteou a invicta Ronda Rousey, conquistando o cinturão dos galos. Entre os dois está o carioca Jorge Filho, autor do chute rodado que "apagou" Dennys "A Máquina", no Jungle Fight 83, sediado no Rio. O sucesso da dupla do Ultimate é infinitamente maior que o do brasileiro, porém, um fator em comum os une: eles disputam o "Oscar do MMA", da "Fighters Only", marcado para 5 de fevereiro, em Las Vegas, na categoria referente ao nocaute mais bonito de 2015. O carioca, que trabalha como gari, é o único representante de uma disputa no cenário nacional a brigar pelo prêmio e também concorre com Thomas Almeida, do UFC, e Hisaki Kato, do Bellator, ambos no páreo (clique aqui e participe da votação).

Orgulhoso, Jorginho exibe seu uniforme de trabalho após faturar vitória (Foto: Leonardo Fabri/Divulgação)

A história de Jorge Filho se assemelha à de Wendell Lira, jogador do Goianésia, que desbancou concorrentes como Lionel Messi no prêmio da Fifa, que, na última segunda-feira, elegeu o gol mais bonito do ano passado. No "Oscar do MMA", Jorginho é o único atleta de um evento brasileiro a figurar entre os finalistas. 
- Foi o que eu mais ouvi na segunda-feira. A galera falava do gol desse rapaz (Wendell Lira) e todo mundo se encheu de esperança depois que ele ganhou. Se o nocaute não fosse meu, eu votaria nele do mesmo jeito. Joelhada voadora (aplicada por Thomas Almeida) eu já vi, e o Pickett estava atordoado. A Holly Holm já tinha deixado a Ronda grogue, e o McGregor acertou um cruzado. Foram lutas maiores, mais importantes, mas a concorrência é pelo nocaute mais bonito.

A história de Wendell Lira serve de inspiração. O atacante, que fez história em um prêmio mundial, leva Jorginho a acreditar que é possível "varrer" os astros do UFC. A eleição é nos mesmos moldes da Fifa - feita através de votos pelo site - e mexe com o sonho do carioca.

- Quem vai entrar para votar são pessoas que gostam de MMA. Ninguém entra sem conhecer bem. Quem vota é praticante, amante do esporte, minha esperança aumenta por isso. Todo mundo é técnico e, se for analisar, eu seria o mais votado. É uma enorme satisfação ter o trabalho reconhecido após tantos anos. Sou praticante de taekwondo desde os oito anos de idade. Fui agraciado por estar entre os cinco e só tenho a agradecer por isso - declarou o peso-meio-médio.
Diferentemente de Wendell Lira, Jorge Filho ainda não sabe se estará na cerimônia de premiação, em Las Vegas. Ele corre contra o relógio, pois  não possui visto de entrada nos Estados Unidos, nem mesmo passaporte e tampouco dinheiro para custear a passagem. A situação é bem distinta da vivida pelo atleta do Goianésia, que viajou para a Suíça - palco do prêmio da Fifa - com todas as despesas pagas pela entidade.
- Qual é o gari que você conhece que tem grana para ir a Las Vegas (risos)? Meus amigos e irmãos de treino estão dispostos a me ajudar. Vou tirar o passaporte, o visto e, se Deus me colocou nessa, não é furada. Vai aparecer alguma coisa. Nunca tive patrocínio, nem nada. Sempre treinei e trabalhei. Vou preparar a documentação e as malas, porque acredito que estarei no prêmio.
Enquanto fala de Las Vegas e de um prêmio internacional, Jorginho se depara com a realidade que vive no Rio de Janeiro. Casado e pai de dois filhos, ele divide a rotina de treinos com o emprego de gari, na Rocinha, onde atua. Diariamente, afia seu jogo na equipe liderada por Pedro Rizzo e Laerte Barcellos, em Jacarepaguá, e ainda dá aulas em Acari, onde mora.

O trabalho na Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) tem dois anos. Jorge foi aprovado em terceiro lugar, desbancando cerca de 40 mil concorrentes. Os colegas com quem divide a limpeza das ruas são como familiares. Eles conhecem a trajetória do lutador e tentam sempre ajudá-lo nas semanas que antecedem os combates.

- Tenho orgulho do meu trabalho e de onde eu moro. A rapaziada que trabalha comigo me ajuda muito. Em época de perda de peso, eles me deixam na parte da frente do caminhão para eu não me desgastar. Trabalham por mim muitas vezes. É uma coisa legal, é companheirismo mesmo. Eu falo: "Deixem eu ajudar vocês". E eles respondem: "Meu irmão, vai fazer força na cara dos adversários que você vai enfrentar. Depois da vitória a gente faz um churrasco". Fico muito feliz com o apoio deles. Entrei na minha última luta com a camisa da Comlurb para representá-los. No grupo do WhatsApp que temos, o Garizada, eles pedem pra eu falar com os amigos deles, mando fotos, é fogo (risos).

Jorge Filho nocauteou Dennys "A Máquina" no Jungle Fight 83, em novembro (Foto: Leonardo Fabri/Divulgação)

Com cinco vitórias e apenas um revés no cartel, Jorginho vai disputar o cinturão peso-meio-médio do Jungle Fight contra Handesson "Boy Doido", dia 26 de março, em Foz do Iguaçu, no Paraná. Ele sonha com o título, que pode abrir outras portas no mercado internacional, mas frisa que o importante é protagonizar atuações que despertem a atenção do público, como no nocaute mais plástico de sua carreira.
- Sou faixa-preta de taekwondo, então, quando eu bato o pé no chão, vem alguma coisa diferente. É o que quero levar ao público e para a minha vida. Além de bater, quero bater bonito, com classe. É para isso que treino e me dedico. O meu desejo é lutar contra os melhores, com os caras que vejo na televisão. Quando eu entro no cage e conheço o adversário, é muito gratificante. Há grandes eventos, como o Rizin, Bellator, UFC e meu sonho é atuar nas principais organizações. Não quero ser mais um, quero lutar e bater bonito. Fazer grandes lutas, chegar em casa com a cara quebrada, mas feliz por ter travado um grande combate. É isso que me interessa - garante Jorginho, autor de três vitórias por nocaute, uma por finalização e uma por decisão dos jurados.

Fonte: Sportv - Combate
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