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'Vou concluir todos os casos', diz responsável por investigar cartolas da Fifa

Colombiana Maria Claudia Rojas diz que o presidente da entidade, Gianni Infantino, lhe pediu "transparência total".

11/05/2017 11:53

A advogada Maria Claudia Rojas, 61 anos, foi eleita nesta quinta-feira a nova presidente da Câmara de Investigação do Comitê de Ética da Fifa. Durante os próximos quatro anos, ela será a responsável por levantar provas e apresentar denúncias contra dirigentes envolvidos em casos de corrupção.

Ex-integrante da Corte Constitucional da Colômbia, autora de livros e professora universitária, Maria Claudia sucede o suíço Cornel Borbely, que deixou o cargo atirando contra a decisão da Fifa de substituí-lo. Uma hora depois de ser informada pela Fifa de sua nova missão, Maria Claudia Rojas concedeu a entrevista a seguir ao GloboEsporte.com.

Maria Claudia Rojas é a nova responsável por investigar dirigentes (Foto: Divulgação / Twitter Conmebol)

Quais são seus planos para combater a corrupção na Fifa?

MCR: É uma enorme responsabilidade. E o que eu vou buscar, como disse o presidente Gianni Infantino, é mais transparência na Fifa. Terminar as investigações que estão pendentes e fazer uma reforma no Código de Ética para tornar as investigações mais ágeis. Ninguém no mundo pode ter alguma dúvida de como vou trabalhar para isso.

Seu antecessor, Cornel Borbely, fez duras críticas contra a Fifa ao deixar o cargo, e pôs em dúvida a continudade do trabalho dele. Como a senhora avalia essas críticas?

Minha experiência de 25 anos no trabalho judicial mostra que, quando você entra num escritório, num cargo, há casos pendentes que você precisa concluir. Eu não temo a tarefa de colocar em dia as investigações pendentes e completar o trabalho.

Quando a senhora soube que seria indicada?

Foi um processo curto. Faz um mês, a federação colombiana pediu meu currículo, que então chegou ao presidente Infantino. Ele me ligou, falamos por telefone, e ele me perguntou sobre minha trajetória, meu currículo, minha atividade profissional. Eu passei 25 anos na Corte Constitucional e no Conselho de Estado da Colômbia. Eu estive no Chile há duas semanas, no Congresso da Conmebol falei com o presidente da Fifa, com as pessoas da Conmebol que indicaram meu nome. Mas nunca imaginei que seria presidente desta comissão. É um grande desafio.

Nas conversas que a senhora teve com Infantino, ele fez algum pedido?

A única recomendação foi por transparência total. Ele quer uma nova Fifa, quer que as pessoas sejam absolutamente transparentes. Quer que as pessoas pensem no bem do futebol, e não no bem delas mesmas. Ele me deixou totalmente à vontade para fazer meu trabalho, me garantiu total liberdade e total independência.

O que a senhora quer dizer quando cita "transparência"?

Fazer as coisas de acordo com o Código de Ética, fazer meu trabalho de forma pública, fazer com que as pessoas acreditem na Fifa. Trabalhar sem que haja cartas debaixo da mesa.

O português Miguel Poaires Maduro, que acaba de deixar a Comissão de Governança, disse que sentiu mais pressão na Fifa do que nos cargos que ele ocupou no governo e na Corte Europeia de Justiça. Como a senhora pretende lidar com a pressão?

Para alguém com um cargo como este, é fundamental assumir a responsabilidade e fazer "ouvidos surdos", como dizemos na Colômbia, para qualque pressão. Porque senão seria muito difícil trabalhar. Você tem que deixar as pressões de lado e cumprir suas tarefas.

Há um plano de transição com seu antecessor?

Ainda não sei. Recebi a comunicação oficial da Fifa há apenas uma hora. Não sei como será a transição. A substituição é muita abrupta, num dia você está no cargo e no dia seguinte já tem outra pessoa. Eu espero que tenhamos uma reunião de transição, é algo que vou saber em breve.

É possível prever que a senhora adotará uma linha dura?

Por minha experiência, o único que posso dizer é que vou ser justa. E aplicar todo o peso da lei para quem merece. Por outro lado, muitas vezes se começam investigações que não se sustentam. E isso também tem que ser levado em conta. Trataremos de ser justos, fazer com que se cumpra o Código de Ética.

Um dos casos pendentes é contra o brasileiro Marco Polo Del Nero. A senhora conhece detalhes do caso?

Não. Não conheço nenhum caso em particular. Conheço em geral o caso contra a Fifa na Justiça dos EUA, mas nenhum caso em particular.

A senhora mora na Colômbia, os demais membros da Câmara estão espalhados pelo mundo. Como vai funcionar o trabalho?

Sei que vou estar muito tempo em Zurique [sede da Fifa]. Vamos usar todas as tecnologias disponíveis para agilizar o trabalho. Mas esses detalhes operacionais eu só vou saber depois.

Qual é sua relação com futebol?

Nasci em Cali, sou torcedora do América de Cali. Gosto de futebol, vou a estádio e compartilho essa paixão com meus filhos. Essa é toda minha relação com futebol.

A senhora quer usar essa entrevista para dar algum mensagem?

Eu quero agradecer pela confiança que deposittaram em mim. Meu único interesse nisso é fazer um trabalho transparente.

Fonte: globoesporte.com
Por: Martín Fernandez
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