Após o ex-jogador Sergio Manoel criticar a situação do Miami United em 2015, o presidente do novo time de Adriano, Roberto Sacca, deu sua versão para o momento atual da equipe, admitiu problemas financeiros no ano passado e garantiu que o clube tem uma estrutura de ponta para receber o Imperador nesta temporada.

Roberto Sacca posa com camisa reservada para o Imperador (Foto: Reprodução SporTV)

Ídolo do Botafogo, Sergio Manoel mora na Flórida e treinou o Miami United no ano passado na National Premier Soccer League (NPSL), uma liga que reúne diversas conferências regionais e ocupa o posto equivalente à quarta divisão no futebol dos Estados Unidos (que possui campeonatos independentes, sem rebaixamento ou acesso). Segundo o brasileiro, o time contava com jogadores amadores, que se dividiam entre os treinos e outras profissões, e que a comissão técnica contava apenas com um roupeiro e um preparador físico. 

Irritado com as declarações de Sergio Manoel, o italiano Sacca, que fala português fluentemente, afirmou que essa estrutura não será repetida em 2016 e que Adriano pode esperar uma equipe profissional ao seu lado.

- A gente tem a melhor infraestrutura do futebol aqui em Miami. Nós temos um estádio, o Milander Park. É verdade que é da cidade, mas temos contrato. É um estádio muito legal. Temos um staff fabuloso. O Adriano vai encontrar um staff incrível. E esse cara fica dizendo que a gente não tem dinheiro... Nós tivemos problemas, mas sempre pagamos. E a gente demitiu o Sergio. Estou muito nervoso porque esse Sergio Manoel é uma pessoa má, que não tem porque fazer esse tipo de declaração. Eu tinha um grande respeito por ele - afirmou Sacca, negando a versão do ex-jogador, que disse ter entregue o cargo ao fim da temporada.

Em 2015, o Miami United mandou seus jogos na NPSL no pequeno estádio Flamingo Park, localizado em um parque público na cidade e com capacidade para 3 mil torcedores. O campo aliás, aparecia no site oficial do clube como seu estádio até a tarde de domingo. Porém, após a entrevista de Sacca ao GloboEsporte.com, a página foi atualizada e passou a contar com o Ted Hendricks Stadium, localizado no Milander Park, como casa do Miami United, com espaço para 10 mil pessoas - no ano passado, este foi o campo do Miami Fusion, rival do novo time de Adriano, na temporada.

Milander Park será a nova casa do Miami United em 2016 com capacidade para 10 mil pessoas (Foto: Divulgação)

Sacca admitiu que no ano passado o time passou por grande problemas financeiros por conta da saída de um de seus sócios, cabendo a ele bancar os gastos sozinho. Com isso, o clube precisou subir atletas do time sub-23 - formado por amadores - e jogar no Flamingo Park.

O presidente afirmou que a estrutura disponível para sua equipe é invejável, contando com fisioterapeutas e outros profissionais que Sergio Manoel disse não ter à sua disposição. Sacca citou como referência Roberto Assis, irmão e empresário de Ronaldinho Gaúcho, que já teria conhecido de perto a estrutura do clube.

Adriano (Foto: Cezar Loureiro/Agência Globo)

- A liga é semiprofissional, mas nós somos um time profissional. Temos uma estrutura importante. Estamos no que consideram a quarta divisão, mas na verdade é uma Segunda-B. É um nível alto de futebol, difícil. O Adriano vai se encantar aqui. O irmão do Ronaldinho veio aqui e disse: "Que espetáculo, que estrutura fantástica". Vou dizer: na primeira divisão do Brasil não tem a estrutura que o Miami United tem.

Apesar de Sacca considerar a NPSL uma "Segunda-B", esse não é o status que a liga goza com a federação americana (USSoccer). Em seu site oficial, a USSoccer aponta a Major League Soccer (MLS) como "primeira divisão" do país, seguida pela North American Soccer League (NASL)  e pela United Soccer Leaguer (USL). Não há rebaixamento e promoção entre elas. Na MLS, atuam estrelas internacionais como Kaká, Pirlo, Gerrard e Lampard. A NASL, que no passado teve Pelé e Cruyff na liga, hoje tem times famosos, como New York Cosmos e Fort Lauderdale Strikers, mas com menor investimento (o espanhol Raúl pendurou as chuteiras pelo Cosmos, ano passado, e Léo Moura passou pelos Strikers após sair do Flamengo). 

- Eu já ouvir falar do clube, mas como é da Quarta Divisão, muita gente nacionalmente não conhece. Há uma grande diferença para a MLS. A MLS cresceu muito nos últimos anos e a NPSL ainda tem seu caminho a seguir - analisou o jornalista Grant Wahl, da revista "Sports Illustrated" e especialista em futebol nos Estados Unidos (autor do livro "The Beckham Experiment", sobre a passagem do craque inglês pelo Los Angeles Galaxy na MLS).

Assim como o presidente Sacca, o gerente de futebol do clube, o brasileiro Henrique Souza, reiterou que a temporada 2015 foi atípica para o Miami United, que, ainda assim, terminou na segunda colocação de sua conferência na NPSL - o líder Miami Fusion passou para os playoffs. Entretanto, desmentiu os detalhes dados por Sergio sobre o elenco, como a presença de atletas que seriam caminhoneiros e garçons durante o dia, e garantiu que todos os atletas em 2016 serão profissionais.

- O Miami vai ser alvo de críticas, mas quando ele chegar aqui vai ver que é diferente. O Adriano vai ver isso. Se você vier a Miami e perguntar pelo Miami United, todo mundo vai saber. Ano passado tivemos muita dificuldade financeira muito grande, estávamos com pouca verba. Mas atuamos com apenas seis jogadores amadores. Esse ano vão ser todos profissionais, como sempre foi - apontou Henrique.

O discurso da diretoria para 2016 é de otimismo e de mentalidade profissional. Mas o site oficial do Miami United ainda mantém a seguinte descrição para o clube: "The Miami United Football Club é um clube privado, semiprofissional de futebol concentrado na participação na Conferência Sunshine da NPSL". A liga é dividida em quatro regiões (Sul, Nordeste, Centro-Oeste e Oeste), que são partidas em conferências. O Miami United faz parte da Conferência Sunshine, na região Sul, e ficou em segundo lugar com 18 pontos, sete a menos que o Miami Fusion. O campeão da liga foi o New York Cosmos B (coincidentemente, o time principal do Cosmos foi o vencedor da NASL, na despedida de Raúl e Marcos Senna).

Além de Adriano, o Miami United se reforçou com o meia hondurenho Julio César de León, o "Rambo", de 36 anos, que já defendeu a seleção do seu país e tem passagens por clubes italianos como Reggina, Fiorentina, Genoa, Parma e Messina. Em 2010, atuou pelo Shandong Luneng, na China. O treinador do Imperador será o ex-jogador venezuelano Ricardo David Paéz, que disputou as Copas América de 2001, 2004 e 2007 pela Vinotinto e se aposentou em 2014.

Fonte: Globo Esporte