Salário milionário, jogos com casa cheia e até o retorno à Seleção. Não há dúvidas sobre o sucesso da empreitada de Kaká com o Orlando City no futebol dos Estados Unidos. Assim como é indiscutível que Adriano encontrará um cenário distinto na Flórida. Apesar de estar mudando para a cidade ao lado do antigo companheiro de Seleção, o Imperador terá pela frente uma realidade bem mais modesta no Miami United, clube em que foi apresentado na noite desta quinta-feira e que disputa a NPSL, equivalente à quarta divisão americana. Experiência mais próxima da vivida por Romário na Flórida, quando atuou pelo Miami FC, em 2006.
Kaká no Orlando City, Adriano na chegada ao Miami United, e Romário nos tempos de Miami FC (Foto: GloboEsporte.com)
No último fim de semana, o clube de Kaká estreou na temporada 2016 da MLS contra o Real Salt Lake – empate heroico em 2 a 2. Lesionado, o brasileiro não entrou em campo, mas viu das tribunas o estádio mais uma vez lotado: 60.147 torcedores.
- Para Adriano, a realidade será completamente diferente de Kaká. Não acredito que ele tenha uma recepção como a que Kaká teve em Orlando aqui nas redondezas de Miami. Por exemplo, quando se fundou o primeiro Miami FC, que depois se converteu em Strikers, contrataram o Romário. Mas nunca conseguiram um público maior do que cinco mil pessoas. Miami é uma cidade que gosta de futebol, mas é complexa nesse sentido por ter muitas atrações – avaliou o editor de esportes do jornal "Miami Herald", Luiz Sánchez.
Em seu retorno aos campos após quase dois anos parado – o último time foi o Altético-PR, que deixou em abril de 2014 –, Adriano é a aposta do pequeno Miami United na tentativa de dar o primeiro grande passo no futebol dos Estados Unidos. Fundado em 2012, o time, de propriedade do empresário italiano Roberto Sacca, disputa a National Premier Soccer League (NPSL), campeonato semiprofissional que equivale à quarta divisão americana, atrás da North American Soccer League (NASL) e também da United Soccer League (USL).
Sem estrutura própria, o novo clube de Adriano utiliza como casa as instalações de um parque esportivo na cidade de Hialeah, região metropolitana de Miami. Simples, o estádio conta com um campo de grama sintética em bom estado de conservação e arquibancadas laterais de ferro que comportam no máximo 10 mil torcedores.
A situação que o Imperador encontrará nos Estados Unidos é mais próxima da vivida por Romário em passagem pelo futebol da Flórida, em 2006. Na época, o Baixinho, então com 40 anos e em busca do milésimo gol, trocou o Vasco pelo Miami FC – que posteriormente, se transformou em Fort Lauderdale Strikers.
Ao lado do também tetracampeão Zinho, Romário disputou a USL, então segunda divisão, atrás da MLS. Em cinco meses, fez 29 jogos e marcou 22 gols. O Baixinho chegou a ser eleito para a seleção da liga, mas não conseguiu impedir a eliminação do Miami FC na primeira rodada dos playoffs.
Na passagem pelos EUA, Romário atuou em estádios modestos e não chegou a atrair grandes públicos, apesar de ter recebido muita atenção da mídia, como relatou o jornalista Luiz Sánchez, que viveu o momento de perto.
- Quando Romário esteve aqui, existia um certo entusiasmo. A imprensa acompanhou bastante. Chamou a atenção. Mas era um time pequeno e não teve continuidade. O Romário saiu na sequência e eles não foram muito além. Talvez, se tivessem seguido, conquistado um campeonato, os torcedores seguissem com mais força. É esse o desafio para Adriano e o Miami United – disse Sánchez.
Segundo o presidente do Miami, Roberto Sacca, o time já conta com uma boa base de torcedores na cidade. Ele espera que a chegada de Adriano possa ajudar a encher o Ted Hendrick Stadium.
- Calculo que Adriano poderá atrair um público de, quem sabe, três mil pessoas. Isso já seria um grande êxito para o Miami United nesse momento. Miami é uma cidade que gosta muito de futebol. Uma das que mais acompanha nos Estados Unidos. Mas o público gosta de ir aos jogos gigantes, como quando fizeram um torneio amistoso aqui com Real Madrid e Chelsea, no primeiro reencontro de Mourinho e Cristiano Ronaldo. O estádio lotou. Mais de 70 mil pessoas. Por isso, acho que a maior expectativa é mesmo pela criação do novo time de Beckham, que estará na MLS e deve trazer grandes nomes para jogar na cidade - concluiu Sánchez.