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Morre Adelino, craque do Treze que igualou Pelé ao marcar 8 gols em um jogo

Atacante de 68 anos era conhecido como Leão do Galo e é o vice-artilheiro do Treze em jogos oficiais. Venceu o Paraibano de 1975 e é tratado por muitos galistas como o maior craque do clube

03/05/2017 11:24

Morre Adelino, craque do Treze que igualou Pelé ao marcar 8 gols em um jogo

Morreu Adelino. Morreu o maior ídolo da história do Treze. Morreu o Leão do Galo, como ele era mais conhecido pelos torcedores do clube alvinegro. Morreu o atacante que igualou um dos feitos mais incríveis de Pelé. Que talvez fosse pouco conhecido Brasil afora. Mas que teve boas passagens pelo Sampaio Corrêa, por exemplo. E que foi tratado durante a década de 1970 como um gênio em Campina Grande, na Paraíba, mais precisamente pelo lado trezeano da cidade.

Adelino recebe homenagem pelo seu feito mais marcante: oito gols num mesmo jogo (Foto: Reprodução / Treze Futebol Clube: 80 Anos de História)
Adelino recebe homenagem pelo seu feito mais marcante: oito gols num mesmo jogo (Foto: Reprodução / Treze Futebol Clube: 80 Anos de História)

Dos feitos conquistados por ele, o mais impressionante, o mais marcante, o mais comentado, o mais difundido nas esquinas de Campina Grande e no papo de boteco sobre futebol, aconteceu em 12 de abril de 1979. E tantos anos depois, já tem ares de lenda, de causo, de história fantástica. Mas o caso é real.

Era uma quinta-feira. O jogo era válido pelo Campeonato Paraibano daquele ano. E o Treze entrava em campo no Estádio Amigão para enfrentar o Nacional de Cabedelo. Seria um dos maiores passeios do futebol paraibano. Uma das maiores apresentações. Um dos mais espetaculares desempenhos individuais de um atleta. O Galo venceria por incríveis 13 a 0. E Adelino marcaria oito dos gols. Um feito que só ele e Pelé têm.

Era natural de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Jogou em clubes do Maranhão, como o Sampaio Corrêa. Mas se apaixonou mesmo pelo Treze e por Campina Grande. Foram três passagens pelo clube, e entre idas e vindas foram 11 anos de Galo. A primeira passagem em 1969 e a última entre 1975 e 1980. Ao longo desses anos, marcou 151 gols, sendo até hoje o segundo maior artilheiro do Treze. E contra o arquirrival Campinense, marcou 16 gols. É o artilheiro galista do Clássico dos Maiorais.

Era de um tempo mais romântico do futebol, em que levava a sério o amor à camisa. No período em que esteve em atividade, foi algumas vezes convidado para jogar pelo Campinense. Mas sempre recusou. Costumava dizer que era jogador e torcedor do Treze, que gostava de sua torcida e jamais a desrespeitaria.

Assim foi, mesmo depois de se aposentar. Fixou residência em Campina Grande, passou a frequentar os jogos do Galo no Amigão e no Presidente Vargas. Tornou-se cidadão campinense em 2007, ao receber título pela Câmara Municipal de Campina Grande. E na cidade ficou até sua morte, que ocorreu por volta das 5h desta quarta-feira, aos 68 anos, no Hospital de Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes. Ele foi vítima de uma infecção provocada por uma úlcera e não resistiu a uma cirurgia de emergência.

Adelino (ao centro) foi homenageado em 2007 com o título de cidadão campinense (Foto: Mário Vinícius Carneiro)
Adelino (ao centro) foi homenageado em 2007 com o título de cidadão campinense (Foto: Mário Vinícius Carneiro)

O velório do ex-atleta vai acontecer na Central de Velórios A Viagem, às 11h, no bairro São José (curiosamente, o bairro onde está localizada a sede do Treze). O sepultamento está marcado para acontecer às 16h30, no Cemitério Municipal do Monte Santo, no bairro de mesmo nome.

Héroi de título único

A história do Leão do Galo é curiosa. Ele é lembrado por todos os torcedores mais velhos do Treze como um dos grandes craques que passou pelo clube. Mas, ainda assim, só conquistou um único título expressivo pelo Galo. O do Campeonato Paraibano de 1975, que acabou dividido entre Galo e Botafogo-PB. Jogou numa época em que seu grande rival, o Campinense, dividiu o protagonismo no futebol local com o Belo. Mas isso não diminui em nada a importância do atacante ao clube.

O professor Mário Vinícius Carneiro, da Univesidade Estadual da Paraíba e é o autor do livro "Treze Futebol Clube: 80 anos de história", fala da importância do jogador:

- Eu conhecia Adelino de perto. Homem íntegro. Atleta exemplar. Pensava nos seus companheiros tanto dentro como fora de campo. Eu só tenho a lamentar a partida de uma pessoa tão cedo.

O professor diz ainda que ele sempre foi muito correto. E, por exemplo, deixou de jogar aos 30 anos porque achava que estava velho. E dá outra prova da importância do atleta:

- Adelino tem o seu nome registrado no Museu do Futebol, em São Paulo, como um dos grandes ídolos do Galo - declara Mário Vinícius.

A atuação de Adelino não se limitava ao campo de jogo. E numa época em que o Treze passou por tempos “muito difíceis” e que precisou viver apenas de amistosos, ele era diversas vezes chamado para tratar com a diretoria como fazer a divisão do dinheiro arrecadado nos jogos. Em todas as vezes, ele batia o pé e dizia que ninguém podia ficar de fora. Desde os atletas, até o pessoal da limpeza do clube:

- Os jogadores casados tinham um percentual maior que os solteiros. Mas todos os funcionários também recebiam algum percentual. Isso mostra o respeito que os diretores do clube tinha por ele. E o mais curioso é que ele nunca revelou isso a ninguém. Só me contou essa história anos depois de se aposentar – finalizou o professor.

Treze presta homenagem a Adelino pouco depois de saber da notícia de sua morte (Foto: Divulgação / Treze)

Treze presta homenagem a Adelino pouco depois de saber da notícia de sua morte (Foto: Divulgação / Treze)

Fonte: Globo Esporte
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