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Jogadores amputados do Ceir se preparam para Copa Nordeste de Futebol

A expectativa é que os piauienses fiquem, pelo menos, na terceira colocação geral do campeonato.

21/09/2016 07:46

Os jogadores do Futebol de Amputados do Centro Integrado de Reabilitação (Ceir) estão se preparando para participar da I Copa Nordeste de Futebol de Amputados, que acontece nos dias 24 e 25 deste mês, em Natal (RN). A expectativa é a melhor possí- vel e os atletas estão bastante confiantes e animados com o convite. 
O reabilitador desportivo do Ceir, Childerico Robson, destaca que o grupo é forte e está treinando há quatro anos com a mesma base. Porém, ele ressalta que a modalidade é pouco difundida no Brasil, sobretudo na região Norte/ Nordeste. 

Grupo é forte e está treinando há cerca de quatro anos com a mesma base (Foto: Moura Alves/O Dia)
“O pessoal em Natal formou um time, do Ceará também e nós, do Piauí, também recebemos esse convite. Como temos um projeto de viajar pelos municípios levando o esporte e apresentação à população dessas cidades, até para servir de exemplo para quem também é deficiente, acabamos sempre mantendo o nível de preparação adequado para poder competir, vez que fazemos amistosos com jogadores normais”, fala. 
Childerico Robson acredita que a equipe tenha bons resultados, apesar dos times dos outros estados serem bastante preparados. A expectativa é que os piauienses fiquem, pelo menos, na terceira colocação geral. “Nós vamos chegar em cima, porque tivemos alguns atropelos, mas isso não é desculpa para não fazer bonito”, pondera.
Atletas querem motivar outras pessoas com deficiência a praticarem atividade física 
Willame de Sousa Rodrigues, de 31 anos, irá participar pela primeira vez de uma competição. Segundo ele, foi uma grande alegria ter sido convidado para participar da Copa Nordeste e, como essa competição, quer incentivar que outras pessoas com deficiência também pratiquem atividade física. 

Willame irá participar da competição pela primeira vez 
“Nós sabemos que têm muitas pessoas deficientes e que não praticam nenhum tipo de esporte porque acham que não podem ou porque está impossibilitado, mas nós estamos mostrando que é possível fazer qualquer coisa”, motiva. 
Já Feliciano Mendes, de 35 anos, é veterano em competições e participou do último campeonato, realizado em 2013. Ele destaca que o time está se esforçando ao máximo para, quem sabe, chegar até o Campeonato Brasileiro, futuramente. Para esta competição, as expectativas são as melhores possíveis. 
“Este ano, estamos mais preparados e chegaram mais dois jogadores para reforçar o time, então estamos bem confiantes. Temos como exemplo o que aconteceu em Natal, em 2013, e estamos acostumados com o ritmo de treinar com pessoas normais; então, eu acredito que tenhamos mais chances. Os outros times estão mais preparados que nós, mas não quer dizer que não vamos dar nosso melhor”, fala. 
Feliciano cita que a equipe está tentando alavancar o nome do Estado no esporte nacionalmente e que o objetivo também é levar a modalidade para as pessoas com deficiência e que não praticam nenhuma atividade física. “Muitos não conhecem o esporte e nós estamos correndo atrás para legalizar a associação e, com parceira do Ceir, trazer mais benefícios para os deficientes, não somente amputados, e mostrar que a deficiência não impede a pessoa de fazer nada que ela queira”, salienta Feliciano Mendes.
Superação e persistência marcam trajetória 
A perda de um membro nunca fez Feliciano Mendes desistir de ter uma vida normal. Aos 9 anos, ele perdeu uma perna após ser atropelado por um carro, mas isso não o impediu de aproveitar sua infância como qualquer criança. Ele aprendeu a andar de bicicleta, a nadar, a jogar futebol e tantas outras coisas, além de jogar futebol no time de amputados do Ceir. 

Aos 9 anos, Feliciano Mendes perdeu uma perna, mas não deixou de aproveitar sua infância 

“As pessoas precisam correr atrás dos seus sonhos. Mostrar para as pessoas que elas precisam procurar um jeito de se exercitar, seja no Ceir, na academia, mas não deixar de fazer atividade fí- sica, porque isso acomoda e a pessoa perde o reflexo que tem. Nós caímos, mas levantamos”, destaca. 
Já Willame de Sousa Rodrigues é amputado há cinco anos, após sofrer uma tentativa de homicídio e levar uma facada na femoral. Os médicos ainda tentaram todos os procedimentos cabíveis, mas, devido à lesão, houve a necessidade de amputar o membro até a altura da coxa. 
“Isso não me impede de fazer nada, pelo contrário, serviu de estímulo para eu buscar outras coisas. Antes de acontecer esse incidente, eu sempre pratiquei esporte e a aceitação foi fácil. É preciso aceitar sua condição e trabalhar em cima disso. Eu conheci o Ceir através de amigos que eram atendidos e recebi o convite para participar do futebol. Era tudo que eu queria e, desde então, temos essa parceria”, disse. 
Para o reabilitador desportivo do Ceir, Childerico Robson, o principal desafio dos jogadores é vencer o medo de não conseguir se adaptar à rotina e se frustrar na tentativa de jogar futebol. Ele cita que as muletas são adaptadas para o esporte e, com apenas quatro meses, o atleta já consegue se adequar à modalidade e ter mais mobilidade para correr e chutar a bola.
Por: Isabela Lopes - Jornal O DIA
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