Os jogadores do Futebol de
Amputados do Centro Integrado de Reabilitação (Ceir)
estão se preparando para participar da I Copa Nordeste
de Futebol de Amputados,
que acontece nos dias 24 e 25
deste mês, em Natal (RN). A
expectativa é a melhor possí-
vel e os atletas estão bastante
confiantes e animados com o
convite.
O reabilitador desportivo
do Ceir, Childerico Robson,
destaca que o grupo é forte e
está treinando há quatro anos
com a mesma base. Porém,
ele ressalta que a modalidade
é pouco difundida no Brasil,
sobretudo na região Norte/
Nordeste.
Grupo é forte e está treinando há cerca de quatro anos com a mesma base (Foto: Moura Alves/O Dia)
“O pessoal em Natal formou
um time, do Ceará também e
nós, do Piauí, também recebemos esse convite. Como temos
um projeto de viajar pelos municípios levando o esporte e
apresentação à população dessas cidades, até para servir de
exemplo para quem também
é deficiente, acabamos sempre
mantendo o nível de preparação
adequado para poder competir,
vez que fazemos amistosos com
jogadores normais”, fala.
Childerico Robson acredita
que a equipe tenha bons resultados, apesar dos times dos
outros estados serem bastante
preparados. A expectativa é
que os piauienses fiquem, pelo
menos, na terceira colocação
geral. “Nós vamos chegar em
cima, porque tivemos alguns
atropelos, mas isso não é desculpa para não fazer bonito”,
pondera.
Atletas querem motivar outras pessoas com
deficiência a praticarem atividade física
Willame de Sousa Rodrigues, de 31 anos, irá participar pela primeira vez de uma
competição. Segundo ele, foi
uma grande alegria ter sido
convidado para participar da
Copa Nordeste e, como essa
competição, quer incentivar
que outras pessoas com deficiência também pratiquem
atividade física.
Willame irá participar da competição pela primeira vez
“Nós sabemos que têm muitas pessoas deficientes e que
não praticam nenhum tipo
de esporte porque acham que
não podem ou porque está
impossibilitado, mas nós estamos mostrando que é possível
fazer qualquer coisa”, motiva.
Já Feliciano Mendes, de 35
anos, é veterano em competições e participou do último
campeonato, realizado em
2013. Ele destaca que o time
está se esforçando ao máximo para, quem sabe, chegar
até o Campeonato Brasileiro,
futuramente. Para esta competição, as expectativas são as
melhores possíveis.
“Este ano, estamos mais
preparados e chegaram mais
dois jogadores para reforçar o
time, então estamos bem confiantes. Temos como exemplo
o que aconteceu em Natal, em
2013, e estamos acostumados
com o ritmo de treinar com
pessoas normais; então, eu
acredito que tenhamos mais
chances. Os outros times estão mais preparados que nós,
mas não quer dizer que não
vamos dar nosso melhor”,
fala.
Feliciano cita que a equipe está tentando alavancar o
nome do Estado no esporte
nacionalmente e que o objetivo
também é levar a modalidade
para as pessoas com deficiência e que não praticam nenhuma atividade física. “Muitos
não conhecem o esporte e nós
estamos correndo atrás para
legalizar a associação e, com
parceira do Ceir, trazer mais
benefícios para os deficientes,
não somente amputados, e
mostrar que a deficiência não
impede a pessoa de fazer nada
que ela queira”, salienta Feliciano Mendes.
Superação e persistência marcam trajetória
A perda de um membro
nunca fez Feliciano Mendes
desistir de ter uma vida normal. Aos 9 anos, ele perdeu
uma perna após ser atropelado por um carro, mas isso
não o impediu de aproveitar
sua infância como qualquer
criança. Ele aprendeu a andar de bicicleta, a nadar, a
jogar futebol e tantas outras
coisas, além de jogar futebol
no time de amputados do
Ceir.
Aos 9 anos, Feliciano Mendes perdeu uma perna, mas não deixou de aproveitar sua infância
“As pessoas precisam correr atrás dos seus sonhos.
Mostrar para as pessoas que
elas precisam procurar um
jeito de se exercitar, seja no
Ceir, na academia, mas não
deixar de fazer atividade fí-
sica, porque isso acomoda e
a pessoa perde o reflexo que
tem. Nós caímos, mas levantamos”, destaca.
Já Willame de Sousa Rodrigues é amputado há cinco
anos, após sofrer uma tentativa de homicídio e levar uma
facada na femoral. Os médicos ainda tentaram todos
os procedimentos cabíveis,
mas, devido à lesão, houve
a necessidade de amputar o
membro até a altura da coxa.
“Isso não me impede de
fazer nada, pelo contrário,
serviu de estímulo para eu
buscar outras coisas. Antes
de acontecer esse incidente,
eu sempre pratiquei esporte
e a aceitação foi fácil. É preciso aceitar sua condição e
trabalhar em cima disso. Eu
conheci o Ceir através de
amigos que eram atendidos e
recebi o convite para participar do futebol. Era tudo que
eu queria e, desde então, temos essa parceria”, disse.
Para o reabilitador desportivo do Ceir, Childerico Robson, o principal desafio dos
jogadores é vencer o medo
de não conseguir se adaptar à
rotina e se frustrar na tentativa de jogar futebol. Ele cita
que as muletas são adaptadas
para o esporte e, com apenas
quatro meses, o atleta já consegue se adequar à modalidade e ter mais mobilidade para
correr e chutar a bola.
Por: Isabela Lopes - Jornal O DIA