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Inter deixa para trás máculas de pior mancha de sua história

O acesso serve como um acerto de contas para a eternidade com a nação colorada, aliviada e com esperanças renovadas para 2018 na Série A, depois da pior mancha nos 108 anos do Colorado

15/11/2017 09:51

Os colorados espalhados por todo o país e, em especial concentrados na Arena Barueri, explodiram de alegria nesta terça-feira com o empate em 0 a 0 do Inter contra o Oeste, pela 36ª rodada da Série B. E com motivos de sobra. Após sofrer ao longo de uma temporada atípica, consequência do primeiro rebaixamento da história do clube, enfim viram a equipe, agora sob o comando do interino Odair Hellmann, garantir matematicamente o retorno à elite nacional.


Torcida do Inter apoia time no Beira-Rio. Foto: Ricardo Duarte / Inter, DVG


Com o empate, o Inter chegou aos 65 pontos na tabela, com margem de sete pontos ao quinto colocado, o Londrina, que não pode mais alcançá-lo nos dois jogos restantes. O acesso serve como um acerto de contas para a eternidade com a nação colorada, aliviada e com esperanças renovadas para 2018 na Série A, depois da pior mancha nos 108 anos do Colorado.

A volta à primeira divisão também põe fim a uma série de adversidades e agruras enfrentadas pelo Inter em 11 longos meses na Série B, como mostra a lista abaixo:

Logística

Único grande na disputa da Série B em 2017, o Inter até tirou proveito – numa comparação com os demais – por sua estrutura e poder financeiro para arquitetar a logística. Mas também teve de despender recursos para contratar serviços de voos fretados para enfrentar os roteiros mais distantes na competição. A delegação colorada não escapou ainda de trajetos de ônibus, como no deslocamento a Criciúma e a Pelotas, e até nos locais mais distantes, como Caruaru e Lucas do Rio Verde, em Pernambuco e no Mato Grosso, respectivamente. Alguns dos hotéis reservados pelo clube nas cidades do interior também deixaram a desejar em termos de estrutura.

Gramados irregulares

Em muitos dos jogos longe do Beira-Rio, o Inter também teve de enfrentar o gramado como fator de adversidade. Não raro, jogadores, comissão técnica e diretoria fizeram críticas ou menções a campos duros ou pesados. Em Lucas do Rio Verde, por exemplo, o calor fez com que dirigentes permanecessem fora do vestiário. No Lacerdão, em Caruaru, a quantidade de buracos chamou a atenção.

Desvalorização dos jogadores

O rebaixamento e a disputa da Série B tem como efeito colateral bastante negativo a desvalorização de atletas com potencial de render boas vendas ao clube. Rodrigo Dourado é um dos jogadores que estava em alta, mas perdeu valor de mercado com a queda. Outros jovens e até aqueles mais tarimbados foram emprestados após perder espaço a clubes que seguem brigando para não cair na elite.

Menor visibilidade

O Inter também viu sua marca ter menos exposição com a queda, algo natural numa comparação com a elite nacional. Ao longo do ano, o Colorado só teve seus jogos transmitidos para todo o país nos canais de televisão por assinatura, em faixas da programação distantes do horário nobre. Até mesmo o espaço em programas esportivos foi escasso, dadas as pautas do Brasileirão. No Rio Grande do Sul, porém, a equipe até teve mais jogos exibidos ao vivo, nos sábados.


Técnico interino Odair Hellmann discursa aos jogadores após Inter confirmar acesso. Foto:Divulgação/ Ricardo Duarte/Internacional

Duelos com rivais de menor escalão

Ao longo do ano, o Inter teve apenas sete confrontos com outros grandes times do futebol brasileiro – Fluminense, Grêmio, Corinthians (2x), Palmeiras (2x) e Atlético-MG. Os embates com rivais de menor escalão, claro, são menos atraentes aos torcedores e até aos jogadores. Mas também apresentaram um fator de dificuldade à equipe. Ao longo do ano, não foram raros os tropeços atrelados por jogadores e comissão técnica a adversários que atuaram muito fechados, sem dar uma brecha sequer às investidas coloradas.

Renda

Com ingressos mais populares, o Inter também viu sua receita com bilheterias cair ao longo do ano. Em 2016, o clube arrecadou R$ 18.844.976 em 34 jogos, com uma média de 20.372 torcedores pagantes e R$ 554.264 por partida. Na temporada atual, os torcedores renderam R$ 16.772.025em 33 jogos, com uma média de 19.711 torcedores e de R$ 506.728 de renda por partida, de acordo com levantamento do GloboEsporte.com

A comparação com rivais da elite deixa o contraste ainda mais evidente. Os outros dois rivais que têm média de público na casa dos 19 mil, Flamengo e Cruzeiro, têm rendas de R$ 45.785.158 e R$ 24.156.354, respectivamente, na temporada.

Desconfiança e cobranças da torcida

O retorno à elite dissipa uma espécie de fantasma presente ao longo de boa parte do ano, de certa desconfiança e cobranças excessivas da torcida por rendimento do grupo de jogadores. Antes de assumir a liderança da Série B, o Beira-Rio foi alvo de protestos e de enfrentamentos entre torcida e Brigada Militar após muitos dos tropeços do Colorado na temporada.

O clima bélico, aliás, voltou a tomar o pátio do estádio no último sábado, após o empate em 1 a 1 com o Vila Nova, que adiou o acesso e teve a queda de Guto Ferreira como consequência. O ambiente de tensão tem influência, mesmo que indireta, nas duas demissões de treinadores no ano – o outro foi Antônio Carlos Zago.

Restam apenas duas rodadas para que o adeus à Série B seja definitivo. Com o cargo de técnico vago, a diretoria garante que o objetivo agora é buscar o título da competição. Mas para isso precisará contar com tropeços do líder América-MG, quatro pontos à frente na tabela. Somente a partir daí o Inter começará o planejamento para 2018, com definição do treinador e planejamento do elenco.

A campanha deste ano mostrou que será necessário muito mais para o time fazer uma temporada à altura de sua grandeza no ano que vem. Mas a lição parece ter sido aprendida.

Fonte: Globo Esporte
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