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Gadelha só quer pensar em MMA em fevereiro

Peso-palha do UFC acredita que cansaço mental foi decisivo na derrota para Bate-Estaca, ainda se vê melhor tecnicamente que a paranaense, e ressalta necessidade de ficar com família e amigos agora

27/10/2017 14:45

A derrota para Jéssica Bate-Estaca, em setembro, fez Cláudia Gadelha decidir ficar afastada do mundo das lutas. A meta, segundo a lutadora potiguar, é ficar dedicada à família e aos amigos até fevereiro do próximo ano. Esse tempo, ela garante nunca ter tido depois de ter saído de casa aos 15 anos. A lutadora peso-palha do UFC acredita que é o que precisa para voltar com fôlego e vontade de lutar em 2018.

- Estou sem treinar há um mês e estou ficando maluca já! Não fiz nada depois da luta. Nada, nada. Tento não ver luta, mas não consigo. Fui ver a luta da Poliana (Botelho), que é minha amiga, e fiquei toda animada de novo. Mas falei: “Não, vou tirar isso da minha mente”. Quero dar esse tempo para minha cabeça, para os meus amigos, para as pessoas que amo, para minha família. Quero aproveitar, colecionar experiências com as pessoas que eu amo, e realmente preciso desse tempo. Planejei minha vida até fevereiro, vou viajar com meus pais, que nunca tiveram a oportunidade de viajar para fora do país, e vou levá-los para os EUA agora, é a realização de um sonho. E vou curtir minha vida um pouquinho até fevereiro, e depois volto - disse a lutadora de 28 anos.

Em São Paulo, por conta de uma reunião da USADA (Agência Antidopagem dos EUA) com atletas brasileiros, Gadelha explicou em detalhes a decisão que já vinha tomando forma mesmo antes da luta com Jéssica, no Japão. Ela acredita que chegou a perder um pouco a vontade de treinar.

- Nunca vi isso acontecer, nunca reparei que algum atleta fez isso, mas acho que aconteceu comigo. Comecei a perder um pouco do tesão pelo treino. Saí de casa muito novinha, com 15 anos, em busca de um objetivo. Com 18 anos, fiz minha primeira luta profissional, e agora vou fazer 29 anos e nunca parei. Quero muito continuar, vou continuar, mas acho que precisava desse tempo para mim. Nesses 11 anos de carreira profissional no MMA, não parei para dar atenção à minha família, meus amigos, estava muito focada em mim e me cobrei muito o tempo inteiro. Acho que estou passando pela fase de entender mais como o lado leve do atleta funciona, e estou dando um tempo para refrescar minha mente e entender tudo isso.

Hoje morando em Albuquerque, no estado americano do Novo México, Cláudia Gadelha ainda recordou a saída traumática da equipe carioca Nova União, onde se transformou numa lutadora de MMA. Ela acredita que isso teve influência na falta de equilíbrio entre os treinos e a mente.

- Passei por uma fase muito complicada, que foi minha saída da Nova União. Não tem como dizer que não doeu, que não senti nada. Passei mais de 11 anos dentro de uma equipe, cheguei lá novinha, e tinha pessoas ali do meu lado que achava que eram meus irmãos, meus amigos para o resto da vida, e nunca imaginei na minha vida que ia sair da Nova União. Do jeito que ficou, com tudo mal explicado, realmente me magoou bastante. Passei por essa fase de superação. Ela me ajudou bastante na hora de me reinventar, mas comecei a me cansar de novo, e acho que não consegui equilibrar meu treinamento nem minha mente para me preparar para as outras lutas. Depois da última luta, tive a certeza de que o que eu estava sentindo era real, e decidi dar atenção para o que eu estava pensando.

Apesar de só querer se dedicar ao MMA em fevereiro, Gadelha admite que precisa voltar a se exercitar, tanto por uma questão de saúde como de vaidade.

- Vou começar a treinar de novo agora porque não estou aguentando, e me sinto muito bem com meu corpo quando estou treinando, então é uma questão de vaidade também. Preciso voltar a treinar, já estou na fase que consigo voltar a treinar e malhar, fazer tudo de leve, sem voltar 100% para essa pressão louca que é lutar.

Quando o assunto foi a derrota para Jéssica Bate-Estaca, Gadelha não se esquivou, e admitiu a superioridade da adversária paranaense. Ela acredita que pesou a “força e a vontade” da rival, apesar da superioridade técnica que ela acredita ter.

- Acho que aquela luta ali me ensinou bastante. A derrota ensina mais que a vitória, todo mundo sabe disso, mas, pelo contrário, não quero esquecer aquilo ali, quero ver mil vezes e entender meus erros. Pelas vezes que já vi a luta, consigo entender nitidamente. Aquilo nunca aconteceu comigo, nunca entrei no octógono para não consegui lutar. Eu não consegui lutar, não consegui fazer nada, impor meu jogo, e parabéns para a Jéssica, que conseguiu impor o jogo dela. Me considero tecnicamente muito melhor que ela, mas ela levou a melhor pela força e vontade, e admiro ela por isso. Quero ver essa luta várias vezes e que ela sirva de motivação - afirmou a número 2 do ranking peso-palha.

Mas se a luta com Bate-Estaca ela já viu bastante e ainda quer ver, Gadelha admite que não consegue fazer o mesmo com o combate diante da atual campeã peso-palha Joanna Jedrzejczyk, em julho de 2016. E se a derrota para a polonesa veio pelo desgaste físico, dessa última vez a mente foi quem pregou a peça.

- A minha luta com a Joanna pelo título não consigo ver. Já tentei, mas só consigo ver até o terceiro round, e não consigo ver mais porque vejo aquilo tudo e vi que cansei, que foi questão de preparação, de erro de treinamento. Mas na luta contra a Jéssica não acho que tenha cansado, acho que a minha mente estava cansada. A Cláudia Gadelha estava cansada e eu precisava de um tempo para pensar um pouco - concluiu Gadelha.

Fonte: Combate
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