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Das inspirações ao pedido de ajuda: como Tite já foi diferente de Dunga

Em primeira entrevista, novo técnico da Seleção se distancia do antecessor ao citar 1970 e 82 como referências do futebol brasileiro, entre outras mudanças: veja quais

21/06/2016 10:50

Tite só vai estrear no banco de reservas da seleção brasileira no início de setembro, contra Equador (dia 1º ou 2) e Colômbia (dia 6). A situação do Brasil, em sexto na tabela das eliminatórias – os quatro primeiros se classificam e o quinto disputa a repescagem para a Copa de 2018 – é preocupante. O novo técnico admite o risco de ficar fora do Mundial.

Mas por enquanto a primeira impressão deixada foi positiva. Dirigentes e torcedores aprovaram sua entrevista de apresentação. E quem acompanha a Seleção com frequência notou algumas diferenças para Dunga, o antecessor. Algumas mais sutis, outras bem evidentes, mas todas, de certa maneira, relevantes.

Vamos a elas:

INSPIRAÇÃO

Capitão do tetra, Dunga nunca escondeu a birra pelo fato de a seleção de 1982, a quem ele reconhece como muito talentosa, ser enaltecida até hoje, e a de 1994, a sua, campeã, ser rejeitada pelo futebol pragmático. Seus exemplos vinham sempre daquela Copa, inclusive seus parceiros de trabalho: Gilmar Rinaldi era coordenador, Taffarel o preparador de goleiros, Jorginho foi seu auxiliar na primeira passagem.

Tite, por outro lado, quando questionado sobre inspirações, falou da Seleção de 70, a do tri, que encantou o mundo, e justamente da de 82 e seus meio-campistas: Falcão, Toninho Cerezo, Zico e Sócrates. Referências que soam muito mais agradáveis ao torcedor.


Tite fez reverências à Seleção de 82, com Telê Santana e craques como Sócrates (esq.) e Zico (dir.) (Foto: Agência Estado)

MESTRES

Dunga também falava muito de Carlos Alberto Parreira e Zagallo. Ambos foram campeões como técnicos (em 1994 e 1970, respectivamente), e comandaram o ex-volante nos anos 90. Antecessor de Tite, Dunga os citava como exemplos de treinadores que foram criticados mesmo com resultados históricos.

Em sua apresentação, Tite só falou de dois técnicos brasileiros, ambos já falecidos. Ao ser questionado sobre escolas de trabalho, citou como referências Telê Santana para um futebol de triangulação, organização e posse de bola, e Ênio Andrade como modelo de um jogo baseado no contato físico e na bola longa.

SER OU ESTAR?

Tite implantou um novo modo de se colocar no cargo atual: “estar técnico da seleção brasileira”. Sem alardear a expressão, ele a usou mais de uma vez, como símbolo de não querer se mostrar dono do posto. Apesar de ter admitido o objetivo de carreira de comandar o Brasil, o técnico afirmou que sua fase vaidosa já passou. Ele “está técnico”.

TINO, PEDRO, KIYOMI...

A assessoria de imprensa da CBF costuma pedir para os repórteres se identificarem, com nomes e veículos, ao perguntarem para o técnico da Seleção. Tite se aproveitou do modus operandi e chamou cada jornalista pelo nome ao responder as perguntas. Dunga, como se sabe, não fazia muita questão de manter uma relação próxima com o outro lado.

DEL NERO VIAJA?

Esse assunto era absolutamente proibido nas coletivas anteriores. Sempre que o presidente estava na bancada ao lado de Dunga, ou mesmo com o técnico sozinho ao lado de Gilmar Rinaldi, não se respondia sobre sua decisão de não acompanhar mais a seleção brasileira desde que José Maria Marin, seu antecessor, foi preso na Suíça.

Tite foi questionado sobre o assunto e respondeu: ficou decidido que, assim como ocorreu na última Copa América, nos EUA, o coronel Antônio Carlos Nunes, vice-presidente mais velho da confederação, vai representá-la nas viagens.

COLEGUINHAS

Dunga sempre pediu cooperação e compreensão dos técnicos dos clubes, ao dizer que a seleção brasileira era prioridade total. Embora, justiça seja feita, ele e Gilmar Rinaldi, em entrevistas, também tenham feito questão de ressaltar que entendiam as preocupações das equipes.

O novo técnico, porém, pediu ajuda aos colegas. Disse que gostaria de assistir a treinos e jogos de cada clube, e de conversar com os treinadores para que eles possam opinar na maneira de escalar cada um dos jogadores convocados.

A situação do Brasil, como já foi dito anteriormente, não é das melhores. Em sexto, a única seleção a ter disputado todas as Copas está fora da zona de classificação. Dunga dizia que os jogos eram equilibrados e ressaltava a pouca diferença (quatro pontos) para o líder, mas apostava na recuperação.

Tite reconheceu que a Seleção corre, sim, risco de assistir à Copa da Rússia do sofá (assista acima ao vídeo em que ele frisa ser prioridade avançar nas eliminatórias).

PALAVRAS-CHAVE

Quando precisava falar sobre o tipo de jogo a ser praticado pelo Brasil, Dunga repetia alguns termos: drible, velocidade e movimentação eram os favoritos. Tite optou por triangulações, infiltrações e organização.

TORCEDORA SÍMBOLO

Evolução significativa: saiu a dona Lúcia, anônima autora da carta otimista lida por Carlos Alberto Parreira após o 7x1, em 2014, e entrou a doce dona Ivone Bachi, mãe de Tite

Fonte: Globo Esporte
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