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CT do Fluminense: risco de balas perdidas assusta jogadores e funcionários

Exatamente meia hora antes do técnico Abel dar início ao treino, 11 tiros disparados no entorno do CT foram ouvidos pela reportagem.

10/02/2017 10:47

No Centro de Treinamento (CT) do Fluminense, localizado nas proximidades da Cidade de Deus, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, jogadores e funcionários do clube já sabem que para treinar ou transitar no local é preciso superar o medo das balas perdidas. Na sexta-feira passada, dois dias antes do jogo de domingo com a Portuguesa, o temor voltou à tona. Exatamente meia hora antes do técnico Abel dar início ao treino, 11 tiros disparados no entorno do CT foram ouvidos pela reportagem do EXTRA.

Ninguém ficou ferido. Embora nenhum atleta admita abertamente o medo de ser atingido por uma bala perdida, já existem aqueles que estão se precavendo. Alguns jogadores, por exemplo, utilizam veículos blindados para se deslocar até o CT. Tudo para aumentar a sensação de segurança. Na sexta-feira, os disparos ocorreram às 15h30m, meia hora antes do treino das 16h e dez minutos depois de uma equipe da PM ter deixado o local, após uma ronda . E não foram os únicos do dia. Mais cedo, pelo menos outros três tiros também já haviam sido ouvidos, segundo funcionários do clube .

— É sempre assim. Isso é normal. Já achei até um pedaço de uma bala perto de um dos campos de treinamento —disse um funcionário, que pediu para não ser identificado.

Mas conviver com tiros não é a única dificuldade para quem trabalha no CT. Ouvidos pela reportagem do Extra, quatro moradores da Cidade de Deus e três funcionários do clube confirmaram a existência de uma norma de segurança básica para quem quer ir, de carro ou táxi, ao CT do tricolor.

A regra que também é conhecida e seguida por alguns jogadores, e ignorada por outros, é a mesma que é usada em boa parte de comunidades do Rio. Veículos devem transitar em velocidade moderada, com vidros abertos e o pisca alerta ligado. Foi assim que o carro de reportagem do Extra cruzou um trecho da Cidade de Deus para chegar ao CT, no último dia 3.

— Pode seguir sem problemas, mas deixe o alerta ligado —disse um adolescente, que levava um rádio de comunicação, ao motorista do carro do Extra.

O acesso pela Cidade de Deus não é o único caminho existente . A outra alternativa para chegar ao CT, é seguir pela Avenida Ayrton Senna, pegar a pista lateral antes da Linha Amarela, contornar por baixo do viaduto da via expressa e depois pegar a primeira direita antes do Sesc ( acesso pela avenida Arroyo Fundo). Em seguida, ir reto, e ao final, virar à esquerda, fazendo um U, e por fim a primeira à direita. Só no último trecho, que vai da Arroyo Fundo até a chegada ao CT, são 300 metros de mato e entulho, em uma área deserta que também sofre influência do tráfico.

Não foi a primeira vez que um episódio de violência ocorreu no CT. No fim de dezembro,homens armados invadiram o local e a polícia foi chamada. Houve troca de tiros. Na ocasião, dois seguranças do Fluminense ficaram feridos,a após serem torturados por bandidos. Um homem foi preso.

Em maio de 2016, quando o CT ainda não havia sido inaugurado, assaltantes roubaram 10.200 camisas. Na época, as peças foram avaliadas pela polícia em R$ 2 milhões.

Em nota, o Fluminense diz estar em contato frequente com as autoridades, a fim de garantir total segurança aos seus profissionais e aos profissionais de imprensa que trabalham diariamente no CT. O clube afirmou ainda que está fazendo estudos para viabilizar a construção de um muro no CT e a construção de novo acesso ao local.

No entanto, o Fluminense negou que tenha acontecido qualquer diálogo para implantação de uma espécie de código para quem chega ao local. Abaixo, a íntegra do documento.

"O Fluminense Football Club informa que vem fazendo um trabalho de relacionamento com as comunidades que ficam localizadas próximas ao Centro de Treinamento Pedro Antonio Ribeiro da Silva. No entanto, em momento algum houve qualquer tipo de diálogo no sentido de serem colocadas sinalizações, por parte dos moradores, para aumentar a segurança dos profissionais do clube que trabalham no Centro de Treinamento. Atualmente, o Fluminense faz estudos de viabilidade para a construção de um muro no CT. A obra de uma rua para facilitar o acesso também está nos planos e a diretoria analisa a melhor forma de iniciar esse processo. Além disso, a direção do clube segue em contato frequente com as autoridades no sentido de garantir total segurança aos seus profissionais e aos profissionais de imprensa que trabalham diariamente no Centro de Treinamentos."

Fonte: Extra
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