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Com mandato até 2020, Nuzman voltou ao dia-a-dia do COB

Nuzman já prepara um sucessor. Ao que tudo indica, ele será Paulo Wanderley, antigo presidente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ).

07/09/2017 11:40

Presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) desde 1995, Carlos Arthur Nuzman voltou a cuidar do dia-a-dia da entidade neste que é, obrigatoriamente, seu último mandato à frente dela. Após sofrer alterações, a Lei Pelé não permite mais que uma reeleição e, por isso, Nuzman já prepara um sucessor. Ao que tudo indica, ele será Paulo Wanderley, antigo presidente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ).

Durante os últimos 15 anos, Nuzman dividiu a presidência do COB com outras funções e, principalmente nos anos que antecederam à Rio-2016, foi uma figura quase que decorativa dentro do comitê olímpico. Apenas as decisões mais importantes passavam por ele. Essa rotina começou em 2002, quando o Brasil foi eleito para sediar os Jogos Pan-Americanos de 2007 e o dirigente se colocou como presidente do comitê organizador.

Mal acabou o Pan e o Rio oficializou a candidatura para receber a Olimpíada de 2016, sempre com Nuzman à frente, na função de presidente, e depois permanecendo no cargo quando o comitê de campanha se tornou o “comitê organizador”. Paralelamente, presidiu a Organização Desportiva Sul-Americana, a Odesur, responsável por organizar os Jogos Sul-Americanos.

O dirigente brasileiro nunca tratou publicamente sobre seus anseios políticos, tanto que não chegou a anunciar que seria candidato à presidência da Opeda, a Organização Desportiva Pan-Americana, como de fato foi. Grande favorito ao pleito realizado em abril passado, acabou derrotado na primeira rodada de votações. Dias depois, renunciou à presidência da Odesur.

Ativo aos 75 anos, Nuzman se viu com apenas um cargo pela primeira vez em 15 anos: a presidência do COB. E quem imaginava que ele pudesse abdicar do posto em nome do vice Paulo Wanderley se vencesse a eleição da Odepa ficou sem saber se essa ideia passava mesmo pela sua cabeça. A favor desta tese, o fato de Paulo Wanderley nem ter concorrido à reeleição na Confederação Brasileira de Judô (CBJ), preferindo fazer um sucessor.

Não só Nuzman continuou à frente do comitê, como voltou a frequentá-lo e a cuidar do seu dia-a-dia, interferindo em questões menores das que estava acostumado. Considerado um dirigente centralizador, mudou a rotina de trabalho dentro da sede da entidade, que já havia se adaptado à sua ausência. Além disso, levou com ele algumas peças importantes do Comitê Rio-2016, que chegaram ao COB causando impacto, especialmente nas áreas mais burocráticas – na esportiva, nem tanto.

O dirigente sabe que os próximos três anos serão determinantes para que seu “legado” à frente do COB seja ou não mantido. Nas cinco vezes nas quais foi reeleito nos últimos 22 anos, Nuzman praticamente não teve oposição. Seus poucos adversários não conseguiam sequer registrar candidatura por causa de uma regras que beneficia sempre a situação: para se candidatar, um dirigente tem que apresentar 10 aliados a oito meses do pleito. Isso com uma Olimpíada no meio.

Na eleição do ano passado, por exemplo, Alaor Azevedo, da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM), chegou a entrar na Justiça pelo direito de registrar sua chapa mais perto da eleição, realizada em outubro. Alegava que seus aliados temiam se manifestar publicamente e sofrer boicote durante a preparação para a Rio-2016 e a Olimpíada em si, tanto que só o pentatlo se declarou a seu favor. Alaor acabou derrotado na Justiça e Nuzman foi mais uma vez candidato único.

Pela impossibilidade de se reeleger mais uma vez, Nuzman perde este trunfo e pode ver a quase unanimidade diante de seu nome ruir. Quem é que seja o seu candidato, deverá encontrar uma leva grande de dirigentes descontentes e que não têm nada a perder. É que, em 2020, a maior parte dos atuais presidentes de confederação terão que deixar seus cargos, pelo mesmo motivo de Nuzman: o artigo 18-A da Lei 12.868, de 2013, que barra as repetidas reeleições.

Fonte: UOL
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