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Sou Ser Poeta

Antologia poética lançada no Rio de Janeiro tem participação de 4 poetas piauienses

01/11/2018 11:16

No último dia 9 de junho, às 15h, no Museu de Arte Contemporânea (MAC), em Niterói, Rio de Janeiro,                a Dowslley Editora, sob a batuta da poetisa, fotojornalista e atriz niteroiense Lucília Dowslley, lançou mais uma Antologia Poética, Sou Ser Poeta, que já está em sua 19a. edição, coroando os poetas que participaram de Um Brinde à Poesia (saraus lítero-musicais mensais) e alguns poetas convidados especiais. Fizeram parte da Antologia 42 poetas de vários Estados do Brasil e de além-mar. O Projeto conta com o apoio cultural da Prefeitura de Niterói, Secretaria de Cultura de Niterói e MAC. O sarau do dia do Lançamento fez a homenagem especial ao poeta português Fernando Pessoa, pelos seus 130 anos de Nascimento.

Nessa Antologia, o Piauí foi representado por 4 poetas: Vidal Ferreira, Concita Cordeiro, NOA (Nílson Ferreira) e Vidal Neto. Além de contar com esses 4 poetas convidados, a Antologia contempla 3 gerações da mesma Família. O Poeta e Professor Vidal Ferreira é pai da jornalista Concita Cordeiro e do professor e jornalista Nílson Ferreira, e avô do professor Vidal Neto, estes teresinenses. É raro saber de uma antologia que tenha congregado 3 gerações de poetas de uma mesma família.

Vidal Ferreira participou com os poemas Por que e Serenidade; Concita Cordeiro, com Fotografia do Coração; NOA, com Soneto Pôr do Sol da Bem-Amada, Siameses e Madrigal; e Vidal Neto, com Manhãs de Domingo e Lispectores para Clarice Vidal. Embora cada um tenha sua linha poética, a veia literária do Vate patriarca foi, certamente, passada para seus descendentes.

Em 2014, foi o Centenário do poeta piauiense Vidal Ferreira (1914/1969, Piracuruca), que não publicou sua obra em vida mas já teve uma obra publicada post mortem, Minha Leide, em dois cantos de Amor (em coautoria com NOA, 2013, Aboio Edições), agora participa desta Antologia (como nas antologias Sonetos Piauienses, de Félix Aires; Caminheiros da Sensibilidade, e Poética Piauiense, de J. Miguel de Matos; Visão Histórica da Literatura Piauiense, de Herculano de Moraes; Dicionário Biográfico de Escritores Piauiense de Todos os Tempos, de Adrião Neto; Poetas Piauienses, Wilson Gonçalves), e já está no prelo O Canto do Cisne Negro, sua biografia e coletânea de textos, entre sonetos, músicas e crônicas, além da fortuna crítica, com organização e pesquisa de Nílson Ferreira, e foi viabilizada com o patrocínio do empresário João Vicente Claudino. VFerreira foi seminarista, daí falava 7 línguas; foi Secretário de Educação e Cultura e Diretor da Impressa Oficial do antigo Território do Rio Branco por dois mandatos; participou do Clube dos Novos – movimento literário de intelectuais piauienses da geração de 45, corrente antiacadêmica composta por             H. Dobal, O. G. Rego, Paulo Nunes e Celso Barros. Escrevia artigos para a imprensa teresinense, como            o Jornal Estado do Piauí e a revista Zodíaco. Mantinha, na Rádio Clube de Teresina, o programa Eu, Você e a Música. Além da prece diária, às 18h, Ave, Maria!, na Hora do Angelus. Ainda havia tempo para fazer rádio-novela na Rádio Difusora de Teresina, da qual Vidal Ferreira era autor, diretor e ainda fazia todas as vozes e efeitos sonoros. Sua poética, fortemente marcada pela formação religiosa de seminarista, retrata a compaixão pelos sentimentos e dores humanos e os conflitos do homem estoico, numa linguagem e estrutura clássica, como o soneto.

A poetisa Concita Cordeiro (1952, Teresina), jornalista e contadora, foi Miss Teresina em 1970 e mora em Niterói há 30 anos. Participa dos Corais Pró-Canto, Amantes da Música, Santa Luzia e Vozes do Bem, e do sarau Um Brinde à Poesia, há 3 anos. Tem participação em algumas antologias. Em sua poesia, dá voz aos sentimentos da mulher apaixonada no mundo moderno e de incontáveis desencontros, com linguagem mais sóbria mas inundada do olhar romântico que só as mulheres sabem sentir.

O escritor NOA (Nílson Ferreira, 1961, Teresina) é professor, consultor, editor e jornalista. Já publicou Proposta Decente, 69 poemas eróticos (2007), Estas Flores de Lascivo Arabesco (coautor, 2008), Minha Leide, em dois Cantos de Amor (coautor, 2013), além da participação em diversas Antologias. É o criador e apresentador dos programas Passando a Língua (rádio e jornal), Em Bom Português (TV), Na Ponta da Língua (WEB) e do Salão do Livro do Piauí (SALIPI). Sua temática vai da do homem que desvenda o mundo com as próprias mãos, reinventando-se a cada descoberta ou queda, passando pelos valores de Família, até as elucubrações do ser solitário em seu íntimo.

Já Vidal Ferreira Neto (1971, Teresina) é Subtenente do Exército Brasileiro e professor de História do Colégio Militar. É precursor do Movimento Punk em Teresina (banda e editor de fanzines) e colecionador de vinis. Participou da antologia Não-ser (1990). Atualmente mora em Brasília. Vidal Neto é poeta de uma nova geração. Do Poeta-Avô até a Cosmovisão do Poeta-Neto, houve muitas mudanças mas a veia poética plantada semeou e eis que o novo Poeta, com suas leituras e sensibilidade, continua a busca de respostas e desvendando novas viagens, mundo afora, pois está no Sangue, na Música, na sala de aula.

Está assim o Piauí muito bem representado nessas 4 vozes poéticas (na inusitada presença de 4 poetas da mesma família numa mesma Antologia), levado a outros ouvidos além-Velho Monge, e que o digam da beleza e riqueza das palavras de suas poesias. Que sejam lidos e falados e recitados!

Evohe, Poetas Piauienses!!! 


Poeta Vidal Ferreira

TEXTO / TRECHOS

Por que

Quantas saudades inda vou sentindo,

o pobre coração me estrangulando,

mas é preciso aos outros ir mostrando

que acho tudo bem e muito lindo.

É necessário a dor ir disfarçando

e, só por isso, assim vivo mentindo,

tendo no peito o coração chorando;

nos olhos, tendo o coração sorrindo.

Mas esta angústia, assim desconhecida,

que sinto envenenar-me a própria vida,

terá seu fim, em breve há de acabar

pois quase não suporto em meu peito,

cansado, pobrezinho e contrafeito,

esta vontade louca de chorar.

(Vidal Ferreira)

Brindo sempre a vida

O amor e a gratidão

Como as rosas que desabrocham

Assim como a aurora de minha vida.

(Concita Cordeiro)

Madrigal

A brisa de cada momento balbucia,

a meus ouvidos,

os segredos dos moinhos da vida

e beija-me a face estiada.

Assim, vou tecendo,

com os birros do tempo,

o melhor enredo da lenda pessoal.

(NOA)

Sou dor,

Sou felicidade,

Na intensidade, matizes,

Fogo Fátuo...

(Vidal Neto)


Por: Nílson Ferreira - Jornalista DRT 2243/PI
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