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Logan' mostra o coração por trás das garras de Wolverine

Despedida do ator ao papel que o consagrou finalmente leva herói dos fãs de quadrinhos ao cinema. Filme estreia esta quinta-feira (2) no Brasil.

02/03/2017 16:00

É triste pensar que levaram nove filmes e 17 anos para que o público visse nos cinemas o Wolverine que os fãs sempre leram no quadrinhos. Mais triste ainda é saber que “Logan”, que estreia nesta quinta-feira (2) no Brasil, é provavelmente a última vez na qual Hugh Jackman interpretará o papel responsável por sua fama. Mas dificilmente alguém irá reclamar. Na despedida do australiano, o mutante com garras de adamantium e fator de cura está ainda melhor naquilo que faz.

Os méritos de “Logan” começam na opção de finalmente mostrar todo o potencial dos poderes do herói. Com uma classificação indicativa para maiores de idade nos Estados Unidos, o filme finalmente deixa correr todo o sangue e membros que resultam dos confrontos de alguém que beira o indestrutível e tem lâminas escondidas dentro dos próprios punhos.

Porém mais que uma ação desenfreada e palavrões à vontade, a trama desta terceira aventura solo de Wolverine consegue um bom equilíbrio entre socos e tiros e seu lado emocional. Isso acontece, claro, graças à companhia que parece se impor sobre o personagem, geralmente tão arredio ao convívio social.

Hugh Jackman interpreta Wolverine pela última vez em 'Logan' (Foto: Divulgação) 

Quem é fã das HQs precisa esquecer a saga "Velho Logan". No longa, o herói também está velho e o planeta, um pouco diferente, mas as semelhanças param por aí. Jackman e James Mangold, que já havia dirigido o ator em “Wolverine: Imortal” (2013), constroem um mundo no qual mutantes já não são mais tão comuns após algum fator desconhecido ter impedido o nascimento de novos membros da raça.

Nele, Logan abandonou sua antiga vida de herói para servir de motorista de limouse para riquinhos e mimados na fronteira com o México, enquanto cuida de um Charles Xavier (Patrick Stewart) debilitado pela idade.

A vida "pacata" dura até encontrar a pequena Laura (Dafne Keen), uma garota do outro lado da fronteira que pode ser a esperança de todos os mutantes. Perseguido por um grupo de mercenários, o trio parte em uma viagem pelo interior americano em busca de refúgio, não sem a relutância do agora James Howlett (nome de batismo de Wolverine).

Os vilões, em sua maioria soldados sem face ou sem nome (à exceção de Pierce, interpretado por James Boyd, de “Narcos”), servem apenas de força para mover a trama para frente, e não têm lá grande personalidade. O que poderia ser uma fraqueza do filme — já que os melhores exemplos do gênero de super-heróis geralmente têm grandes inimigos — acaba como uma de suas principais forças. Sem precisar desenvolver um nêmesis, a produção se dedica ao relacionamento entre o protagonista, Xavier e Laura como nenhum outro filme estrelado pelos mutantes conseguiu antes.

Logan começa a história envelhecido não apenas pelo tempo, mas por suas próprias perdas, completamente arredio ao mundo exterior. Um desafio interessante para uma trama que gira, afinal, em torno de relacionamentos que beiram os familiares — e, mesmo assim, o final é bem-sucedido. Ok, pode até ser um pouco forçado em alguns momentos, mas é possível entender a evolução dos personagens.

Isso também acontece graças à escolha de uma Laura em sua infância. Seria fácil se render à tentação de utilizar uma adolescente, que oferece mais horas de gravação em um dia e tem mais experiência de atuação, mas uma criança oferece um contraponto mais acertado para o cansaço e a velhice de Logan. E Keen, uma atriz espanhola nascida em 2005 que faz sua estreia nos cinemas, está à altura da tarefa. Tanto que rouba muitas das cenas em que aparece, ao lado de gente do calibre de Jackman e Stewart.

James Boyd e Hugh Jackman se enfrentam em 'Logan' (Foto: Divulgação) 

O britânico é, aliás, outra força no longa. Sem as amarras da antiga austeridade do Professor X como líder e mentor, o ator entrega o melhor Xavier até aqui, com uma atuação cheia de raiva e afeto simultâneos, e serve como ponte humana perfeita entre as duas bestas que o acompanham.

Mangold, por sua vez, oferece mais que belas sequências de ação e uma trama que finalmente permite que Jackman seja o Wolverine que sempre quis ser. A fotografia com contrasta bem as cores e torna as sequências pelo interior americano ainda mais belas.

“Logan” provavelmente não é ainda o filme que romperá a barreira e se tornará o primeiro do gênero a ganhar uma indicação ao Oscar de melhor do ano como espera Ryan Reynolds, mas mostra que pode bater um coração por trás dos uniformes e das tiradinhas bem sacadas.

Foram necessários nove filmes e 17 anos para que o público finalmente visse nos cinemas o Wolverine que os fãs de quadrinhos sempre conheceram. Sem Hugh Jackman é difícil imaginar o que será do futuro do personagem. Resta apenas torcer para que não demore outras quase duas décadas para que o fenômeno se repita.

Dafne Keen e Hugh Jackman estão em 'Logan' (Foto: Reprodução/YouTube/20th Century Fox)

Fonte: G1
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