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Linkin Park, Prophets of Rage e Slayer tocam em festival para 40 mil em SP

Bandas vizinhas da Califórnia, mas de gerações e estilos bem diversos, agradaram aos diferentes tons de preto no festival em Interlagos neste sábado.

14/05/2017 09:03

Dá para contar uma historinha do rock pesado entre os anos 80 e 2000 com as atrações principais do Maximus Festival, que reuniu 40 mil pessoas na noite deste sábado (13) no Autódromo de Interlagos, em SP, segundo a organização. Linkin Park, Prophets of Rage e Slayer se alternaram entre os dois maiores palcos à noite.

As três bandas, conterrâneas da Califórnia, são ícones de suas respectivas décadas e vertentes. A diversidade etária e sonora jogou a favor do Maximus. Tudo bem: estava todo mundo de camisa preta. Tirando isso, quem acha que metal é tudo igual deveria ter visto os shows e reparado nos diferentes tons de preto da noite.

O festival acontece no Brasil e Argentina e está na segunda edição. Em 2016, trouxe Marilyn Manson, Rammstein, Disturbed e outros, para 25 mil fãs. O Maximus ocupa espaço menor do que o Lollapalooza, no mesmo local, com menos palcos: "só" três. Neste ano, ganhou 15 mil pessoas e line-up mais caprichado, que incluiu Rob Zombie, Rise Against, Pennywise e outros.

Os palcos principais era colados, sem tempo nem de respirar entre um show e outro. Mas era cada californiano na sua praia: o thrash metal do Slayer, que teve sua era de ouro nos anos 80; depois o Prophets of Rage, filhote do Rage Against the Machine e seu rap-metal dos anos 90; e o nu-metal do Linkin Park, com melhor fase no inicinho dos anos 2000, encerrando a noite em ordem cronológica.

Linkin Park

Fosse o meme menos manjado, dava para abrir o texto lá em cima dizendo que o Maximus foi do metal raiz do Slayer ao nu-metal Nutella do Linkin Park. Isso sem demérito aos segundos, até porque foram eles que fizeram o show principal, o que atraiu mais gente e teve mais comoção. Cada vez menos preso ao tal nu-metal, que já não era nada raiz, a banda fez um show cheio de músicas novas, que beiram o pop eletrônico.

"Battle symphony", uma das faixas de "One more light", que sai no dia 19 de maio, poderia ser de uma dessas cantoras novas de pop alternativo. Já "Heavy", quase no final do show, é literalmente de uma dessas cantoras, pois foi gravada em parceria com a Kiiara. O início de "Good goodbye" parece saído de uma boate em Ibiza e "Talking to myself" também se aproxima do eletropop. É provável que o disco seja o mais longe que o Linkin Park já chegou do rock pesado.

Para completar, um dos maiores hits das antigas, "Crawling", veio em versão voz e piano. Por isso é um feito ainda maior que a banda segure um show principal de um festival que é basicamente de metal e hardcore. A grande base de fãs, que já sabia cantar vários refrãos novos, não deu nenhuma brecha a um possível estranhamento metaleiro. Até porque a banda tem sua parte eletrônica desde sempre. Mas claro que as mais antigas e barulhentas "Numb" e "In the end" é que se destacaram mais.

Prophets of Rage no Maximus Festival 2017 (Foto: Flavio Moraes / G1)

Prophets of Rage

Foi um bom show do Rage Against the Machine, na medida do possível - considerando a ausência do vocalista Zack de la Rocha. São todos os músicos da banda, menos o cantor, mais dois membros do Public Enemy, DJ Lord e o MC Chuck D, e o rapper Boreal, do Cypress Hill.

O repertório é quase todo do Rage, tirando duas músicas novas recebidas com frieza, e uma ou outra como "How I could just kill a man", do Cypress Hill, e "Fight the power", do Public Enemy, que funcionaram bem. Mas claro que todo mundo ali queria mesmo era levantar o dedo do meio no "fuck you I won't do what they told me" de "Killing in the name", que não por acaso fica para o fim.

Nada mais anos 90 do que a guitarra funkeada com vocal rap de "Prophets of Rage", que dá nome ao supergrupo e abre a apresentação. É um meio termo entre o show de cima e o de baixo: agrada aos fãs que não abrem mão do peso, mas com a mistura com rap e mais senso pop que foram aprofundados na década seguinte.

O "Fora Temer" na guitarra do engajado Tom Morello rendeu uma reação forte do público ao ser mostrado em "Fight the power", mas o coro do público com as mesmas palavras não foi muito adiante. Outro momento especial para o Brasil foi a participação do Rise Against em "Kick out the jams", do MC5. Bola fora foi o cover de "Seven nation army", do White Stripes, que aumenta a sensação de o Prophets ser uma grande banda cover com músicos originais.

Show do Slayer no Maximus Festival 2017 (Foto: Flavio Moraes / G1)

Slayer

Se não pela barba grisalha de Tom Araya, o Slayer impõe respeito por seu status de lenda do thrash metal, que nunca flertou com o pop como o Metallica, por exemplo. O show no Maximus foi recebido com mais reverência do que empolgação. Não que as músicas de "Repentless" (2015) sejam ruins ou muito diferentes. Afinal o Slayer é de uma época em que a "pureza do metal" era grande valor - mesmo que o subgênero tenha incorporado um pouco do hardcore. Bem diferente dos colegas acima.

O show só começou de verdade uns 20 minutos depois do início, quando Araya, até então sem falar entre as músicas, manda um "Eae, Sau Paolow", que o público responde com coro de "Olê olê olê, slay-ê slay-ê". O Slay-ê emenda com "War ensemble", de "Seasons in the Abyss" (1990). Mesmo com as perdas em 2013 do falecido guitarrista Jeff Hanneman e do demitido baterista Dave Lombardo, a banda ainda tem segurança absoluta.

Pena que músicas boas como a recente "When the stillness comes" sejam recebidas com alguma apatia. O mesmo não se pode dizer do hino "Raining blood", de "Reign in blood" (1986). Quase no final do show, ela faz a roda de mosh quase dobrar de tamanho na frente do palco. Não deu para dizer que foi um show inteiro matador. Mas satisfez os fãs de velha guarda. Eles celebraram com o grande pogo-ciranda abaixo:

Antes, o festival teve ainda mais tons de preto nos shows da tarde. Também tocaram o veterano do metal industrial Rob Zombie, ídolos do hardcore americano - Rise Against, Pennywise e Hatebreed -, bandas de metal alternativo mais recente dos EUA - Red Fang e Five Finger Death Punch -, o hard rock alemão do Bohse Onkelz e os brasileiros Oitão, Deadfish, Nem Liminha Ouviu.

Fonte: G1
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