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Carnavalesco da Grande Rio fala sobre enredo de Ivete Sangalo

"˜Chorei quando ela viu meu carnaval"™, diz Fábio Ricardo, que é fã da cantora e promete muitas surpresas na Avenida.

19/01/2017 10:40

O jeito tímido de Fábio Ricardo - carnavalesco da Grande Rio e responsável por traduzir a vida de Ivete Sangalo na Marquês de Sapucaí - fica de lado e se abre em sorriso quando ele lembra o encontro que teve com a cantora. Em uma conversa regada a café com leite, e que durou mais de quatro horas, Fábio levou extensa pesquisa, contou com ajuda de uma historiadora e viu Ivete se emocionar várias vezes ao relembrar momentos que já estavam esquecidos na memória da cantora.

“Ela parecia uma menina vendo e ouvindo tudo, e em vários momentos parava o olhar, ficava viajando”, diz ele que tem Música da cantora como trilha sonora romântica de sua vida, e que teve que se segurar para não tietar a ídola.

“Sou muito fã, mas também sou profissional. E Ivete foi muito simples. Chegou perguntando do que precisaríamos dela. Mas o melhor momento foi quando ela viu os protótipos das fantasias e identificou tudo. Disse que era a vida dela em cores. Ali eu chorei. Chorei quando ela viu meu carnaval”, diz orgulhoso. Confira mais:

EGO:Como foi se deparar com o enredo de Ivete Sangalo?

Fábio Ricardo: Foi maravilhoso. O enredo já estava escolhido há muito tempo. Antes de terminar o carnaval de Santos, o Jayder Soares (presidente de honra da escola) me chamou e apresentou o tema.

Então a Grande Rio não copiou o enredo campeão da Mangueira? De fazer biografia de cantora baiana na Avenida, como foi com a Bethânia?

Não! Já estava escolhido desde novembro. Antes do resultado do carnaval 2016. A gente só não falou nada porque tem umas coisas de contrato que tem que ser resolvidas antes. Mas depois de tudo acertado, chamei a historiadora Elenise Guimarães, da UFRJ, professora de folclore e doutorada em Carnaval para me ajudar. Fizemos uma pesquisa enorme sobre a vida da Ivete, livros, reportagens, monografias. Juntamos tudo e levamos para um grande encontro com ela.

Você curte o som da Ivete?

Sou muito fã. Até porque uma das músicas dela é trilha sonora da minha vida amorosa (risos). “Beleza Rara”, ainda da fase da Banda Eva.

Como conseguiu administrar esse lado fã e o lado carnavalesco?

Sou muito centrado, sempre. O sucesso é o enredo na Avenida. Ficamos quatro horas gravando toda a entrevista, falando da vida dela. A Ivete é muito espontânea. Sentamos, ela tomando café com leite e conversando.  A primeira coisa que ela perguntou foi o que a gente precisava dela. Ela disse que a Ivete cantora todo mundo conhecia. Que ela queria que as pessoas conhecessem a mulher sertaneja, que brincava no rio São Francisco, que começou a amar carnaval por causa da mãe, que se fantasiava para assustá-la.

Esse recorte de carnaval veio a partir dessa primeira conversa?

Sim. E muita coisa que a gente levou a surpreendeu, como a lenda da Serpente dos Olhos de Fogo, que é própria da região em que a Ivete cresceu, e também a profecia de Nossa Senhora das Grotas, que diz que três fios de cabelo da Santa protegem a região. Das duas vezes que esses fios teriam se partido, houve uma grande enchente entre Juazeiro e Petrolina. A gente vai fazer um paralelo e propor que esse terceiro fio, ao se arrebentar, promova uma enchente de alegria na Avenida.

Como vai organizar isso na Avenida?

A gente abre com o Rio São Francisco, tem a surpresa da Comissão de Frente, as lendas, as carrancas de Juazeiro, que espantam os maus espíritos, e que são próprios da infância da Ivete.

A partir daí, vem o carnaval dos caretas; no segundo setor, que é onde ela brincava o carnaval, as festas de São João que ela curtia, tudo ligado à música – já que foi o som da sanfona que inspirou a musicalidade dela. Depois no terceiro setor, vamos para Salvador, quando ela começa a cantar e  se encontra com o carnaval da Bahia, com vários ritmos e culturas, como a do Bloco Filhos de Ghandi, como os Apaches do Tororó. No quarto setor, ela se torna a Ivete da Banda Eva, inspirada por Margareth Menezes, Daniela Mercury e Luiz Caldas. O quinto setor é a Ivete despontando para o mundo.  O último setor é dedicado ao encontro da Ivete com a Grande Rio, quando ela recebe o convite para ser enredo. Vai ser a história acontecendo ao vivo na Avenida.

É verdade que você vai fazer uma Estátua da Liberdade com o rosto da Ivete?

Não sei. Vou? (risos) Não vou afirmar. Pode ser que sim, pode ser que não. Até agora não decidi. São ideias que estão surgindo, mas ainda não estão concretizadas.

É verdade que ela viria na Comissão de Frente e em um carro ao mesmo tempo?

Boatos acontecem. Só li isso no jornal. Eu sei onde ela vem, já deixei o lugar separadinho. Acho que tem muita gente querendo ser carnavalesco.

Tem alguma coisa que a Ivete proibiu de ser falada no enredo?

Ela deixou bem claro que a parte da Ivete sertaneja e pé no chão fosse bem retratada.  A outra Ivete todo mundo sabe, conhece. Ela se emocionou muito também quando falava dos pais. Mas não proibiu nada, não.  Até o momento da separação da “Banda Eva”, ela falou que tinha que ter. Meu maior presente foi quando ela viu os protótipos das fantasias e amou tudo.  Não precisei falar nada. Ela identificou tudo, todas as referências, as músicas. E disse: ‘Minha vida está aqui em cores’, e me abraçou. Aí o Fábio soltou uma lágrima que faz anos que não solta. Chorei quando ela viu meu carnaval.

Você pediu para convidar algum artista importante da vida da Ivete?

Não. aí é surpresa. Já disseram até que a Xuxa vem em um trio elétrico. Só estou deixando falar (risos).

Ansioso para a Avenida?

Estou nervoso pra ver tudo pronto. Sou virginiano, gosto de tudo certinho. Enquanto não ver pronto, não sossego.

Fonte: EGO
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