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As Fulô do Sertão: um forró pé-de-serra com vozes e toques femininos

Banda é formada por quatro mulheres que carregam no repertório a alma do nordestino.

01/06/2015 14:49

Adequar o sertão para a vestimenta e para o repertório é a principal proposta da banda teresinense As Fulô do Sertão.  Formada somente pelas mulheres Écore Nascimento (voz e violão), Vanessa Lobão (sanfona), Adnayane Marins (percussão) e Tauana Queiroz (zabumba), o grupo de forró pé-de-serra encontra inspiração nas músicas de artistas consagrados como Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Jackson do Pandeiro.

Fotos: Jailson Soares/ODIA

Desde julho de 2014, a banda recebe o apoio da Colônia Gonzagueana, em nome de Wilson Seraine, que doou os primeiros instrumentos de percussão para que As Fulô do Sertão dessem início à carreira, sempre trilhada com muito esforço. 

O grupo nasceu motivado pela paixão. “Desde muito cedo, nós curtimos Luiz Gonzaga, forró pé-de-serra, Lampião e Maria Bonita, tudo isso é a nossa raiz. Então, com a banda, nós misturamos o nordeste com a feminilidade e o diferencial que é levar o sertão a cada apresentação. Daí nós acrescentamos o chapéu, a flor do cabelo, a sandália de couro colorida e o vestido florido”, explica Vanessa.

A mistura sertaneja presente nas músicas, na vestimenta e no cenário das apresentações, contribui para a formação de uma identidade própria d’As fulô do Sertão. “Durante os shows, acabamos indo além das músicas incluídas no repertório. A gente conta cordel, recita poesia e tudo acaba saindo muito natural. Fazemos até concurso de forró para o público! Nós acreditamos que a cultura nordestina também é uma forma de viver, de se expressar e produzir”, pontua uma das integrantes.

Com uma forma brincalhona e muito animada, tudo para as meninas vira música. Ao divulgarem o telefone de contato para shows, elas dizem o número do celular cantando: 9985 0019. E pedem para os interessados entrarem em contato.

Banda toca quase diariamente nas festas juninas

A banda faz em média 4 shows por mês, sempre tocando com dedicação e de forma diferenciada para o público que já se tornou fiel e se faz presente a cada apresentação. A agenda do grupo torna-se mais atribulada, sobretudo, em época de festas juninas, aonde as meninas chegam a tocar quase todos os dias do mês de junho. As Fulô do Sertão, além do Piauí, já tocaram no Maranhão, no Ceará e, recentemente, reuniram cerca de 6 mil pessoas em um show realizado na capital piauiense.

Dá conta de tantos shows, requer uma rotina mais puxada de ensaios. “Antigamente, fazíamos um ensaio por semana. Mas agora, a gente se reúne duas e até três vezes por semana. Sentimos a necessidade de nos especializarmos mais a cada show para o que o público quer”, esclarece Vanessa.

Os ensaios têm em média, duas horas de duração. Às vezes, se estendem um pouco mais. O grupo afirma que isto é importante para aumentar a afinidade entre elas. “Somos um grupo formado apenas por mulheres e por isso, além dos ensaios, conversamos bastante”, ressalta Ecóre. A banda também está sempre buscando se aperfeiçoar mais e mais, estudando e aprendendo sobre a cultura nordestina.

Viver apenas da música ainda não é uma realidade para o grupo. O ganho financeiro a cada show é investido na própria banda. Por isso, as quatro meninas buscam conciliar a rotina de shows e ensaios, com outras profissões. Écore e Adnayane são pedagogas, enquanto Tauana é jornalista, e Vanessa, psicóloga. Para a sanfoneira, é algo muito difícil, mas satisfatório. “Em dia de ensaio, por exemplo, eu saio correndo do trabalho e venho direto me reunir com as meninas”, afirma Vanessa que também faz parte da Orquestra Sanfônica “Seu Dominguinhos”.

Em comemoração a um ano de existência, a banda lançou seu primeiro videoclipe, com apoio da DV Produções, que entrou em contato com as meninas e ofereceu a produção e edição do clipe gratuitamente. O vídeo foi disponibilizado para os fãs, através da fanpage da banda e, logo depois, teve seu lançamento oficial em um programa de TV. O clipe da música autoral “Te esperei” é um marco na carreira das meninas, que ainda este ano, pretendem lançar o primeiro cd com músicas de autoria própria.

Inserir no repertório composições criadas pela banda, foi algo que, segundo elas, foi recebido de forma positiva pelo público, o que trouxe mais motivação para que elas acreditassem que estavam no caminho certo. “Nós temos três músicas finalizadas e muitas outras que precisam de um pouco mais de trabalho para ficarem prontas. E a resposta do público foi de muito apoio, eles querem que a gente cresça mais para divulgar o Piauí”, destacam.

O público, através do carinho nos shows e nas redes sociais, também interfere diretamente na forma como a banda leva a alma do nordestino para os shows. “Tem sempre aquele grupo nas apresentações que cantam as músicas com a gente, sabem todas decoradas, nos acompanham, e outras pessoas que, através das redes sociais, enviam vídeos e áudios cantando nossas músicas e isso mostra que estamos tendo um retorno positivo e contribui ainda mais para que continuemos compondo”, concluem.

Edição: Nayara Felizardo
Por: Aldenora Cavalcante (estagiária)
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