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Artesãos moldam a própria vida através das peças feitas em argila

Ganhando espaço em todo país, o artesanato produzido no Polo Cerâmico do Poti Velho, zona Norte de Teresina, tem grande sensibilidade

16/08/2015 11:38

Ele tem sobrenome de cantor, mas a fama que cresce diariamente não vem pela qualidade da voz, mas pelos produtos que cria com as próprias mãos. Com sua arte, Jimmy Presley representa a gama de artistas teresinenses, que moldam suas vidas através do artesanato produzido no Polo Cerâmico do Poti Velho, zona Norte de Teresina. 

Quem analisa a qualidade das peças que Jimmy produz facilmente pode acreditar que o artista pratica o artesanato desde a infância. Mas a história é diferente. O artesão conta que apenas há 15 anos fez sua primeira peça feita de argila e, de lá para cá, o dom foi impossível de ser escondido. Jimmy transformou sua vida a partir do que começou a produzir nas oficinas do Poti Velho. 

A cor da argila, hoje, é a preferida do artesão. Pois representa ares de mudança. “Na verdade, foi a falta de oportunidade de emprego que me levou a ser artesão. Trabalhava no comércio e acabei perdendo o emprego e comecei a tentar várias opções. Vendi plano funerário, purificador de água, tentei vender jornal no semáforo, mas nada deu certo. Fui trabalhar perto da casa da minha mãe porque sabia que tinha oportunidade de preparar argila. Lá mesmo fiz minha primeira peça, um sapo, no tempo que a maioria dos produtos eram apenas de bichos. Foi aí que vi que tinha habilidade e continuei fazendo”, relembra.

Do primeiro sapo feito de argila surgiram outras oportunidades para o mais novo artesão praticar na construção de outras peças. A cada dia se especializando mais no trabalho, tudo de forma autodidata, ele tentou criar as primeiras imagens de santo. Mais uma vez, o resultado surpreendeu e Jimmy passou a criar identidade em tudo que passou e passa por suas mãos. 

“Minha especialidade é arte santeira, também faço busto de pessoas a partir de desenhos. Com o tempo, consegui criar minha pró- pria oficina e minha loja. Meus dois irmãos aprenderam comigo e hoje trabalham também como artesãos, um comigo e o outro em outra loja”, esclarece. 

O trabalho do artesão passou a conquistar os turistas que visitavam o polo cerâmico, mas também ultrapassar as linhas geográficas da região. Com muitos pedidos para exportar as peças, Jimmy passou a produzir apenas por encomenda.

O processo de produção é diário, 12 horas por dia. O amor pela profissão, segundo ele, não torna o trabalho árduo, mas, principalmente, recompensante. Para imprimir identidade em suas peças, o artesão explica que procura dar traços cada vez mais autênticos ao que molda. 

“Eu procuro fazer diferente. E é o acabamento, a criatividade do nosso artesanato, que faz essa diferença. Você pode até encontrar peças parecidas em outras lojas, mas igual não tem. Você vê um rosto desses - aponta para a santa que está criando - eu procuro dar expressão. O pessoal chega encomendando e quer que eu faça porque dou expressão, tem gente que não se preocupa nesses detalhes, e eu sempre procuro fazer rosto delicado”, explica o diferencial.

Da criação até a entrega das encomendas, o artesão diz que o prazo é de cerca de um mês. Cada etapa da criação envolve um processo diferente, desde moldar a argila, esculpir, colocar a peça ao fogo em altas temperaturas e dar os últimos acabamentos com a pintura.

Jimmy afirma que a maior recompensa do trabalho é perceber a aceitação do público para o que ele produz. “O artesanato mudou minha vida e de muitas pessoas aqui. Tem também aquelas pessoas que até tem emprego, mas montaram loja para aumentar a renda. Eu vivo exclusivamente disso aqui, tenho muito orgulho e vivo muito bem”, finaliza. 

Confira esta e muitas outras reportagens na edição deste domingo (16) do Jornal O DIA, que traz conteúdo exclusivo sobre as belezas naturais de Teresina e a determinação do seu povo.

Fonte: Jornal O DIA
Por: Glenda Uchôa
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