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Na hamburgueria com a Raimundinha

Estava farta do descaso do cônjuge, não suportava mais sua indiferença para seus inúmeros queixumes

16/03/2015 10:23

Imagem: Google 

Encontrei com Raimundinha, uma ex-colega de ensino médio, ontem à noite em uma das filiais da hamburgueria que tem a palavra "dog" no aumentativo, na Avenida Miguel Rosa. Depois de passado todos os protestos e manifestações do dia, em pró e contra a presidente Dilma, ela ainda choramingava o fato de não ter participado desta grande festa democrática, logo ela que adora ir para as ruas.

Explicava-me que seu coração não pendia nem para a direita e nem para a esquerda, seu coração era acima de tudo brasileiro, e que tinha sim o direito de acompanhar os acontecimentos do seu país de perto. “Mas o Manoelzinho agira como um ditador, tirando-me o direito de ir as ruas pelo menos para ver gente”, reclamava bravamente do confisco feito pelo o esposo as suas saídas. Queria ter ido a Avenida Marechal Castelo Branco vestida de verde e amarelo e se misturar aos ditos classistas e golpistas, mas o antipático do marido a proibiu terminantemente de se aproximar de qualquer espécie de bicudo, e caso lhe desobedecesse privatizaria seu celular.  

Entre uma sugada e outra na taça de creme de açaí completo, especialidade da casa, Raimundinha não compreendia a pressão de Manoelzinho. Se usava a panela para chamar sua a atenção, ele brigava. Se dissesse que a Petrobras era mais sua esposa do que ela, ele dizia que ela reclamava de barriga cheia, e a chamava de uma tremenda coxinha. Estava farta do descaso do cônjuge, de seus desmandos, não suportava mais sua indiferença para seus inúmeros queixumes. Não teria outro jeito, a não ser abrir um processo de impeachment contra ele, só assim acabaria de vez seu poder absoluto dentro de casa, que nem lar mais era, e sim um reino monocrático, sem direito a críticas.  

Amava o pai de seus filhos, era seu porto seguro, casou para lhe ser fiel a vida toda, mas sua intransigência e seu papel antidemocrático estavam acabando com o casamento, sequer lhe reivindicava um gesto de carinho, porque sabia que seria rejeitado. Nem de mãos dadas saiam mais, não havia cumplicidade e parceria entre os dois, ele estava completamente corrompido pela a ideia fixa de só cobrar e nada retribuir. Economizava diálogos, ditava medidas impopulares, e trancava-se como ostra em concha no escritório.

Mas depois das manifestações de ontem, que não participou porque o marido fez vistas grossas aos seus pedidos, Raimundinha tomaria uma drástica decisão: ou Manoelzinho mudava sua postura, atendendo as suas necessidades com interesse e providencia, ou o mandava ir embora para bem longe, talvez para Miami onde irá lavar privada.

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