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Continho de natal 3

O ocorrido foi noticiado num desses programas policiais que estampam, acintosamente, a criminalidade

04/12/2016 20:47

Imagem: Google

O ocorrido foi noticiado num desses programas policiais que estampam, acintosamente, a criminalidade. Se bem que esse episódio está mais para uma grande atrapalhada do que propriamente um ato de violência. Sendo assim, um passo em falso pode colocar tudo a perder. Vamos ao ocorrido.

Era madrugada, o galo acabara de cantar, o sujeito sentiu-se encorajado, pulou o muro e, sorrateiramente, partiu para assaltar a residência de um ricaço. Começou pela cozinha, surrupiou tudo de valioso, inclusive beliscou o bolo dentro da geladeira. Lambeu demoradamente os dedos. Ladrão que não degusta em roubos, não é ladrão.

Saltou para os quartos. Pé ante pé, uma pluma de tão silencioso, revirou a alcova do casal que dormia o sono dos justos. Abriu e fechou gavetas sem ser notado. Meteu no bolso um Rolex que repousava sobre o criado mudo. Quis pegar os vestidos da madame, mas desistiu. Roupas caras e luxuosas chamaria muito atenção no corpo flácido da patroa, que ficasse mesmo com os de chita.

O larápio, cautelosamente, descolocou-se para o dormitório das crianças. Viu um menino e uma menina que adormeciam feito anjos, em camas confortáveis. Lembrou-se dos seus que, àquela hora, também estariam dormindo, só que em redes, uns sobre os outros. Prometera que o dinheiro do próximo furto seria para comprar, pelo menos, dois beliches de segunda mão.

Furtivo, o criminoso roubou das criancinhas inocentes, roupas, meias, gibis e jogos eletrônicos. Caso a polícia batesse a sua porta, não suspeitaria que os brinquedinhos eram roubados, afinal, qualquer assalariado poderia compra-los em suaves prestações.

Finda o arrastão na parte superior do imóvel. Com o coração a mil, quase saindo pela boca, e uma sacola cheia de pertences alheios, desceu para a sala. Seria o último cômodo a roubar. Receoso em esbarrar em algum móvel, e acordar os proprietários, pisa leve, muito leve. Descarta a estante cheia de livros volumosos. Revender livros não dar lucro. Olha as paredes repletas de quadros, também não os quer. Pinturas são inutilidades. Nenhuma peça dali lhe despertou interesse, nem a televisão gigante.

Iria partir. O que tinha roubado abateria a precisão. Mirou a porta da frente, e antes de tentar abri-la para escapar, deu um tropeção numa árvore de natal apagada. Derrubou todas as bolinhas e despertou todos os guizos. Os sininhos também repicaram. A queda da árvore natalina causou uma baita sonoridade. Luzes de cima, debaixo e dos lados, acenderam.

A casa toda fora alarmada. Houve até um brado que ecoo: É ladrão! É ladrão! E antes que o infeliz se restabelecesse e se desvencilhasse dos ramos do pinheiro artificial, ouviu uma sirene estridente de viatura se aproximando e se aproximando. 


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