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A contenda entre dois vendedores ambulantes

Desejava sim inscrever mais um na extensa lista de mortes violentas de uma cidade que não para de ser sangrenta

26/04/2015 01:50

Imagem: Google

No início da tarde de um sábado ensolarado, apesar do pouco movimento - o comércio acabara de cerrar suas portas - um tumulto se forma entre duas bancas de vendedores ambulantes em frente ao SESC da Avenida Maranhão.

Dois homens, um magro e outro meio gordo, principiam uma efervescente contenda. Discutem sob um sol escaldante que só acirra ainda mais o entrevero entre ambos, que se entreolham e se acusam veementemente em plena via pública. 

O meio gordo aponta o dedo em riste para o magro e diz alguma coisa como, "vou te matar canalha". O outro, que mais parece um graveto daquelas árvores ribeirinhas do Parnaíba, rosna como um cão raivoso, e expelindo ódio pelos os olhos, revida: "quem vai te matar é eu, seu bosta, dúvida?".

A poucos metros da discussão acalorada, um grupo de pessoas recém-saído de suas repartições e que espera impaciente o ônibus debaixo de uma humilhante cobertura de acrílico, observa apreensivo o bate boca entre os dois vendedores, e teme uma tragédia iminente.

A vendedora da barraca ao lado intervém na briga dos insurretos, puxa o magro pela a manga da camisa, e com um olhar em súplica, o afasta para a amurada do rio em frente ao SETUT. Já o homem de cara meio gorda, de calva em desalinho e de corpo bastante suado, corre até ao Troca Troca, e de lá, traz uma enorme faca reluzente e a segura firme na mão direita.

Nesse momento, como reza a boa cartilha de sobrevivência, todos os espectadores abrem passagem e deixam o postiço cavalheiro carregando sua homicida excalibur passar. Será que o sujeito meio corpulento desferirá um golpe na jugular de seu algoz? Bem, para quem ali tivesse olhos, viu nitidamente naquela alma inquieta um desejo incontrolável de matar. Desejava sim inscrever mais um na extensa lista de mortes violentas de uma cidade que não para de ser sangrenta. 

Mas antes do vulto atormentado cruzar toda a extensão do passeio em busca de sua vitima, alguém teve o bom senso e acionou o 190 da Policia Militar. E imediatamente a polícia chegou, e da viatura de sirene aguda descem dois policiais de austeros coturnos, logo ficam a par da situação. 

Os agentes improvisam uma rápida acareação com os dois arruaceiros, o magro fala muito, o meio gordo só escuta. Depois é ao contrário, o meio gordo fala o tempo todo para o magro agora calado. Um dois policiais pergunta pela arma branca, o meio gordo que a possuía, jura não existir arma nenhuma, obviamente já havia a escondido.

Os PMS apaziguam o ambiente e acalmam os ânimos dos rebeldes. Estes apertam as mãos, fazem as pazes e cada um sai em direção oposta. Felizmente neste caso não houve nenhuma gota de sangue derramada, felizmente não. Mas o fim de semana só está começando.                                                                    

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