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Dia dos Pais pra quem?

A ausência paterna é uma realidade até mesmo entre famílias que convivem na mesma casa

08/08/2017 18:20

O Dia dos Pais é uma das datas mais hipócritas que existem. Quantos são os homens que exercem, de verdade, esse papel? Minha vó sempre dizia que filho só tem pai enquanto tem mãe, ou seja, o homem só se preocupa com as crianças quando está com a mulher.

Mas nesse texto não vou me referir aos homens que abandonam os filhos. A ausência paterna é uma realidade até mesmo entre famílias que convivem na mesma casa.

É comum que a tarefa de educar fique apenas com a mulher. Se a criança é mal-criada, convencionou-se questionar somente a mãe. Se algo está indo mal nos estudos, a responsável é ela. Por falar nisso, quantos são os pais que vão às reuniões escolares?

Ideologicamente, é como se os homens não pudessem se ocupar com os filhos porque estão cuidando da carreira ou porque precisam descansar ou se divertir. O caderno especial sobre o Dia dos Pais este ano, publicado na Folha de São Paulo (foto ao lado), reproduz bem essa ideia. O subtítulo na capa diz: “Eles conciliam o escritório com escaladas no Himalaia, shows de heavy metal e jardinagem”. Parece-me que esqueceram alguma coisa aí, não?

Enquanto isso, a mulher que concilia trabalho, atividade doméstica e cuidado com os filhos, não tem final de semana, férias ou feriado. Assume sozinha a responsabilidade que ficaria mais leve se compartilhada a dois.

Existe, ainda, outra vertente nessa análise. O julgamento que as mulheres sofrem quando, por motivos diversos, precisam deixar os filhos com o pai. Não importa se o homem, por exceção, tem mais condições de cuidar, educar e manter financeiramente. Nem importa se a mãe continua presente, mesmo não morando com o filho. Ela sempre será questionada por ter “abandonado” a criança.

Isso significa que a mulher não pode ter o discernimento de perceber que, em algumas situações, o melhor para o filho é ficar com o pai. A nossa sociedade só vai considerá-la como mãe de verdade, se ela permanecer com a criança, mesmo que isso represente sofrimento para ambos.

A cada dia fico mais certa de que poucas pessoas se importam de fato com o bem estar das outras, inclusive das crianças. Estão mais preocupadas em manter as aparências, as hipocrisias, os status quo.  

Fonte: Nayara Felizardo
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