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Aceitação seletiva do LGBT e os diferentes níveis de homofobia

O fato é que aqueles que aceitam, respeitam e convivem com um casal homoafetivo exatamente da mesma forma como fazem com os héteros, são muito poucos

15/05/2017 10:19

Se tem uma coisa sobre a qual eu reflito todos os dias, essa coisa é a homofobia. Durante muito tempo eu achei que não era vítima, porque o restrito círculo de amizades ao qual pertenço me coloca em uma situação privilegiada. 

Claro que sempre tem aquele homofóbico na família, sempre tem aquela pessoa que diz que você está apenas querendo chamar atenção, sempre tem alguma recriminação ao te verem fazendo um carinho na sua namorada, tem sempre aquela pessoa para qual sua namorada é apresentada como “amiga”, sempre tem... mas, peraí, se tem tudo isso, eu sou vítima de homofobia, sim. 

Então, em uma das muitas reflexões, eu me deparei com dois conceitos: a aceitação seletiva do homossexual e os vários níveis de homofobia. E a partir disso, identifiquei sete tipos diferentes, com os quais lido frequentemente. 


Segue a lista:

1 - Existem os assumidamente homofóbicos, com atitudes, palavras, atos e omissões (quase aquela oração). Esses são os mais fáceis de lidar, acreditem. Embora possam ser bem perigosos.

2 - Existem aqueles que dizem "respeito, mas não aceito". Esses nos deixam um pouco de mãos atadas porque, se a gente for contestar o que eles dizem não aceitar, parece que somos nós, vítimas de intolerância, os intolerantes. 

3 - Existem ainda aqueles que aceitam o LGBT, mas só os que não parecem LGBT. "A lésbica feminina tudo bem, mas aquela que parece homem é muito feio. Pra que isso? Por que não usa roupas de mulher mesmo?". Esses eu quero pensar que, se lessem um pouco mais sobre identidade de gênero, poderiam até rever seus conceitos, mas eles dificilmente se predispõem a isso.

4 - Tem aqueles que aceitam um casal homoafetivo entre eles, desde que não haja qualquer manifestação de carinho. Não estamos falando aqui de beijos arrebatadores. Basta um toque na mão ou um olhar apaixonado pra ser reprovado. "Não precisa isso, tem que respeitar as pessoas que estão no mesmo ambiente", dizem.

5 - E tem os LGBTs que reproduzem alguns desses discursos e ainda acrescentam que "o preconceito não vai acabar nunca, temos que entender".

6 – Para finalizar, acrescento nessa lista os que tentam se livrar dos pensamentos homofóbicos, mas que não conseguem por questões religiosas, culturais ou porque nasceram em tempos e/ou lugares conservadores.


Com certeza tem muitos outros perfis, mas os que eu conheço se enquadram em pelo menos um desses aí. São pessoas já me fizeram ouvir coisas meio doloridas, que vão machucando de pouquinho, mas também vão acumulando, até você pensar que nem vale mais a pena insistir. Cansa ficar mendigando aceitação, respeito, compreensão, tolerância.

Mas aí a gente respira e a vida vai seguindo, nos obrigando a lidar com os perfis, tentando reagir da melhor forma com cada um, porque não dá para usar os mesmos argumentos com o perfil 1 e com o 6, por exemplo.

O fato é que aqueles que aceitam, respeitam e convivem com um casal homoafetivo exatamente da mesma forma como fazem com os héteros, são muito poucos. Não devo conhecer mais que 15. 

E olhe que eu via o meu círculo de familiares e de amizades como os mais progressistas. Ou talvez até sejam, diante de tanto conservadorismo se disseminando por aí.

Fonte: Nayara Felizardo
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