Sábado, 27 de junho de 2015
O VALOR DA VIDA x O VALOR DO DINHEIRO
Escritor, Membro da APL-PI
(e-mail: [email protected])
Quanto tempo, tinta e latim gastam hoje para definir o que é o
amor, justamente na forma mais deturpada da sociedade: “O AMOR É UM BEM
PÚBLICO” – li isto pichado na parede de uma padaria. Que horror!
Falando sério, o amor entre os antigos, os gregos, por
exemplo, tinha três formas essenciais: Philia, a primeira trata do amor
vivido na família ou entre os membros de uma comunidade. Aristóteles
explica que “os que desejam bem aos seus amigos por eles mesmos são os
mais verdadeiramente amigos”. Mas é natural que tais amizades não sejam
muito frequentes, pois que tais homens são raros. Acresce que uma
amizade dessa espécie exige tempo e familiaridade. Como diz o provérbio,
os homens não podem conhecer-se mutuamente enquanto não houverem
“comido uma quarta de sal juntos”. A segunda forma, ÁGAPE significa amor
FRATERNO. Esse tipo de amor não supõe reciprocidade, por que se ama sem
esperar retribuição, assim como independe do valor moral do individuo
que é objeto de nossa atenção. A terceira, EROS, refere-se às relações
que costumamos chamar de AMOROSAS propriamente ditas. Diferentemente das
outras expressões de amor já citadas, a paixão amorosa está associada á
exclusividade e à reciprocidade. Por isso, ao contrario da tradição,
que caracteriza o ser humano apenas como racional, poderíamos vê-lo
também como “ser desejante”, tal é a força que impulsiona a busca do
prazer e da alegria de conquistar o amado. Esse desejo, porém, não visa
apenas a alcançar o outro como objeto. Mais que isso, busca o
reconhecimento do amado, quer capturar sua consciência O apaixonado
deseja o desejo do outro. É de tal ordem a força desse impulso que foi
necessário o controle dos instintos agressivos e sexuais, para que a
civilização pudesse existir. O mundo humano organizou-se com a
“INSTAURAÇÃO DA LEI” e, consequentemente, com a “INTERDIÇÃO”, pois as
proibições estabelecem regras que tornam possível e necessária a vida em
comum, em sociedade.
No entanto, a sexualidade humana não é simplesmente biológica,
não resulta exclusivamente do funcionamento glandular nem se submete á
mera imposição de regras sociais.
O “pichador” acima referido, maldosamente, torna o amor humano
uma espécie de ato público, comum como fazem os cachorros. Por favor, o
amor é subjetivo, jamais poderia ser público. O amor é a parte mais
substantiva da alma, como está nas definições dos sábios antigos.
Comparando mal, para produzir o pão precisa-se de muita gente,
muito trabalho, além de terras, máquinas, animais, água, luz, etc. Para
distribuí-lo precisa-se também de muitos trabalhadores, desde os que
transportam o trigo do campo para a indústria como os que vendem a
grosso ou retalho nas padarias. Muitos trabalhadores se envolvem na
produção e distribuição do pão. Já o envolvimento na construção de uma
personalidade pronta para sentir, amar e produzir são diferentes, pois a
pessoa é diferente da coisa. O pão será igual à pessoa que o come? A
criatura que ama é igual a um pão? Nunca! Há mistérios entre a matéria e
o espírito que somente quem os fez saberá. As pessoas nascem de dois
entes que se amam, têm a sua gênese, nascem numa família, precisam de
escola e da sociedade que lhe propicie uma convivência normal. Por outro
lado, não se ama a mais de uma pessoa como se come pão de mistura com
café e leite.
“Não só de pão vive o homem, mas da palavra quem vem de Deus”. E
a palavra é amor, o amor que vem do alto e que nos faz seres
superiores, subjetivos, donos de mente e corpo, que pensam e agem, na
sua passagem pelo mundo. Nem o pão nem o amor são públicos. Mesmo que
fossem ainda seriam diferentes. Há uma enorme confusão entre o que é bem
privado e bem público. Não são adjetivos que se apliquem ao amor.
Mas no Brasil atual a mania é fazer a politicalha da
“inclusão”. Uma ilusão que pregam para os tolos – eles, os donos do
Estado, a partir de Lula. Estão riquíssimos com bens nos exterior,
salários e rendas por aqui mesmo, muitas vezes em nome dos filhos da
mulher, dos parentes. E a gastança enorme que têm feito nestes anos,
tirando, é claro, dos orçamentos da Nação, todos “arrombados”, a cada
ano que passa. E a onda é tornar público tudo, é unificar tudo em um só
bloco, para ficarem eternamente no poder. Daí vem a deturpação de
“incluir” o amor. O amor não se inclui, o amor se conquista.
Mentir, furtar, roubar, matar é tão crime quanto assediar,
violentar, assediar, estuprar mulheres como tanto têm feito, nos últimos
tempos, tanto os políticos de modo geral quanto esses grandes pecadores
das drogas. Assim, nos parece, que querem “incluir” todos esses males
na sociedade brasileira, tão infeliz. Se é que já não incluíram.
Mas esses malfeitores têm pele de cordeiro, pele e voz. Há
muito tempo que as pessoas mais inteligentes já descobriram que “não há
mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe”, ditados dos nossos
experientes homens do passado. É preciso que os cultivemos, para o bem
de todos. Nossa história é rica de pessoas, inclusive mandantes, de boas
qualidades, que são orgulho do Brasil. Por que não abandonar os pulhas
do momento? Aqui precisamos muito da “PHILIA” de que falavam os gregos e
das outras formas de amor. Que sejam sinceros e verdadeiros.
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* Nota do responsável pelo blog: Este artigo foi publicado no
jornal "O DIA", 27-6-2015, com o título acima, que não era o original.
Entreguei o artigo no jornal com o título de ''O AMOR NÃO É UM BEM PÚBLICO, IDIOTA!' Alguma
pessoa da redação não entendeu minha mensagem, talvez com boa intenção,
e achou por bem mudar o título. Não sei se ficou melhor ou pior. FMM.
Fonte: Autor: Chico Miguel