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DIFERENÇAS NA VIDA SOCIAL: A BONDADE E A MALDADE

Artigo original de Chico Miguel

15/07/2017 21:41

DIFERENÇAS NA VIDA SOCIAL: A BONDADE E A MALDADE

Francisco Miguel de Moura, escritor brasileiro, membro da Academia Piauiense de Letras -APL

As diferenças na vida social, em qualquer país ou região, são grandes. Isso, falando-se a respeito da condição econômica e de projeção na sociedade. Não vamos dissecar sobre elas, nem condições temos, numa artigo como este, entre a bondade e a maldade.

A bondade dos bons, como eu dissera certa vez, não teria limites. É necessário uma explicação, visto que a situação era outra. Não sei se consigo fazê-la. Por isto recorro ao hoje Papa Francisco (Jorge Bergoglio) justamente quando explanou sobre o céu e a terra, juntamente com o Rabino Abraham Skorka, numa espécie de entrevista ou conversa a dois, em livro que o editor deu o nome de Sobre o céu e a terra”, publicado em espanhol e depois traduzido para a língua portuguesa por Sandra Martha Dolisnsky, para a Editora Schwarck, 20117 – São Paulo.

A primeira autoridade religiosa acima mencionada diz:

- “O desprestígio do trabalho político precisa ser revertido, porque a política é a forma mais elevada de caridade social. O amor social se expressa no trabalho político para o bem comum”, frases que estão contidas num longo artigo do livro.

Parecem ter sido dito no Brasil dos dias de hoje(vide Lula e Dilma, Michel Temer nem tanto). Mas vêm de um tempo parecido. Tempo de Perón, quando o atual Papa já era grande – ele nasceu na época Perón, na Argentina, e a família de Bergoglio era muito radical, sofria, é claro, naquela imensa ditadura, cujas mazelas não adianta repetir nem um pouco em palavras.

Mas vamos adiante. A segunda autoridade religiosa citada, o Rabino Skorka, acrescentou sobre o assunto:

- “Há um jogo duplo entre os políticos, que, por um lado pedem que a religião não dê opinião, mas na campanha querem a bênção dos ministros religiosos”.

Mas, ser bom não é apoiar ou desapoiar políticas e políticos, isto tanto nas religiões quanto na vida civil. Ser bom é fazer o bem, sempre e em qualquer lugar. Ser bom é ter caráter. E caráter não se pode dar, vender, oferecer, nem há escolas do mundo que ensinem a pessoa a ter caráter: ela já nasce com tendência e essa tendência será acentuada através várias circunstâncias. Quem é bom faz sempre o bem, não é preciso ser um santo – Deus é misericordioso e perdoa os pecados que não foram praticados, como mamãe dizia, “de caso pensado”, propositalmente.

Os maus têm mau caráter. Não adianta fazer uma coisa boa para “aparecer”, por vaidade, como alguns políticos (ou vários) e continuar seguindo afogado na corrupção. Corrupção é um dos pecados maiores que existem na vida pública. O corrupto concorre para a pobreza, sujeição e humilhação dos pobres, embora pareça que está fazendo o bem. A corrupção pode acabar com um país, uma nação. Corrupção é tão pecado como os que matam na guerra, na guerrilha, no terrorismo.

Agora tenho que recorrer ao escritor e filósofo Olavo de Carvalho, que não suportando mais a sujeira das pessoas e instituições do seu país, nosso Brasil, e quase sem condição de aqui trabalhar, foi embora para os Estados Unidos da América. Tenho que recorrer a ele, com suas próprias palavras escritas no livro mais importante editado no Brasil, no gênero de divulgação da filosofia social de hoje, baseado em grandes leituras e estudos. Ou, para não cansar, interpretando as sua lições do livro “O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota”, Editora Record, Rio/São Paulo, 2016 (refiro-me à 20a. Edição).

“ E o pecado (…) , em todos os casos possíveis e imagináveis, só pode ser reprimido, punido ou combatido na pessoa do pecador, não em si mesmo, abstratamente. Discursar genericamente contra o pecado, sem nada fazer com o agente que o pratica, é transformar a moral numa questão de mera teoria, sem alcance prático”.

Olavo de Carvalho critica com base em dados científicos os que o criticam por combater os gayzistas, abortistas e feministas e outras deturpações sociais que se tornam cada vez mais em políticas ou rebanhos e pretendem transformar o homem naquilo que eles próprios dizem e proclamam que são. O escritor declara a falta de caráter deles e dos religiosos de diversos credos que os apoiam, qualificando-os de maus leitores da Bíblia. “É possível reprimir o pecado sem magoar o pecador”? Deus é misericordioso, diz o Papa Francisco, mas também é justo: quem faz paga. Por outro lado, finalmente, o escritor Olavo de Carvalho explica: “Homossexualismo é uma coisa, movimento gay é outra. O primeiro é um pecado da carne, o segundo é o acinte organizado, politicamente armado, feroz e sistemático, à dignidade da Igreja e do próprio Deus”.

Sim, ia esquecendo: - Foi o próprio Papa Francisco, perguntado se condenava “os gays” e ele respondeu que não era Deus, não foi ele quem os fez assim. Nem os outros pecados: adultério, mentiras, roubos, assasínios etc. Sim, condena o próprio pecado, mas não o pecador. Todos os pecados para a Igreja são perdoáveis, desde que o pecador reconheça e confesse à sua própria consciência e, moto contínuo, a Deus.

Logo, nem a bondade dos bons é infinita, nem a maldade dos maus também o é. Os maus podem arrepender-se, reeducar-se. Pena de morte, Deus nos livre. O que importa é o caráter, a consciência e o encontro com o infinito, que é Deus. O resto é balela.

Quanto aos movimentos sociais que impliquem, com violência, num querer transformar quem é de esquerda ou de direita, naquilo que esses movimentos querem, eu digo: Ninguém obriga ninguém a nada. A disposição da criatura de manter incólume tanto o seu corpo quanto a sua alma é quase infinita. Para os santos e anjos, é, sim, infinita.

Fonte: Artigo do blog de Chico Miguel
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