Portal O Dia - Notícias do Piauí, Teresina, Brasil e mundo

WhatsApp Facebook Twitter Telegram Messenger LinkedIn E-mail Gmail

Mãe aprendendo a andar

Eu queria muito não me cobrar, não me achar de menos

20/07/2016 12:23

De verdade, eu queria muito ser uma mãe perfeita. Daquelas de livro, sabe?

Mãe que entende todas as manhas do filho; ouve com paciência e nunca, nunca mesmo, altera a voz.

Mãe que não se cansa. Cozinha, lava, passa, trabalha fora e ainda anda linda, com cabelo escovado, maquiada e uma cara leve e bem-humorada.

Eu queria ser uma mãe com todas as respostas, mas apenas as perguntas povoam os meus dias.

Ah como eu queria ser uma mãe zen... Eu queria muito não me cobrar, não me achar de menos. Não me sentir, por vezes, imperita e incompetente.

Queria não me sentir exausta; não apagar antes das crianças ao colocá-las pra dormir. Queria não rezar pedindo que elas durmam a noite toda, pra eu descansar.

Queria muito não pensar em sossego, calmaria, refeição tranqüila e viagens rápidas com apenas uma mochila como bagagem.

Ah, como eu queria...

Mas essa não sou eu, gente.

Amo ser mãe. Muito mesmo. Amo minhas pequenas, infinitamente. Mas eu não sou mãe perfeita.

Eu me canso, estresso, altero e – muitas – vezes – não sei como agir.

Sinto medo. Um pavor inexplicável de não conseguir amar e educar as meninas.

Eu me esquivo de olhares que julgam. E de pessoas que são perfeitas e têm filhos perfeitos: nunca fizeram manha, nunca choraram em público e aprenderam a fazer cocô no vaso quase ao nascer.

Eu me isolo e me encolho nesse meu ser mãe insegura, imperfeita. Coloco a máscara de “está tudo bem, filha”, quando a pequena cai e se machuca, mas no fundo estou quase infartando.

Não consigo fazer parte de grupos de mães. Eles me oprimem e me fazem sentir ainda mais incompetente.

Sinto uma vontade de louca de abraçar mães cujos filhos estão fazendo birra em locais públicos (shopping, por exemplo). Eu me reconheço nelas. Tenho vontade dizer “miga, obrigada por me fazer sentir normal”.

Essa sou eu. Mãe aprendendo a andar. 

Por: Viviane Bandeira, jornalista e mãe da Laura, de uma estrelinha e da Luísa
Mais sobre: