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Cada um com seu cada qual

Cada um é de um jeito, desde sempre, desde antes do nascimento. Ser mãe é amar cada pedacinho dessa diferença

29/08/2015 11:38

24 semanas. Passamos da metade da gravidez. E ainda que a gente tente não comparar, a gente sempre acaba comparando.

Na gravidez da Laura, eu sentia sono (um sono descomunal), fome e azia, muita azia. Nunca tive desejos ou soube o que era enjôo. A barriga era menor e a energia, maior.

Agora, esperando Luísa, as mudanças no corpo são mais acentuadas. Carrego agora um barrigão provavelmente maior do que o que fiz em toda a gravidez da Laura. Como consequência, sinto dores no quadril e muito cansaço nas pernas. Mas isso não é o pior dos sintomas.

Eu conheci o enjôo e ele de vez em quando teima em me visitar, mesmo já fazendo tempo que ultrapassamos a barreira dos três meses. E não, não é uma simples vontade de vomitar. É uma náusea estranha e sem motivo, difícil de explicar.

A azia, velha companheira, revelou-se muito fiel. É tanta que não me deixa dormir. Ou melhor, eu consigo dormir, mais ou menos, se ficar sentada na cama, ou se deitar numa rede (o que me causa dor nas costas).

E desejos? Sim, eles existem! E não vontades normais de comer alguma coisa. Não mesmo! São vontades incontroláveis, que fazem a gente salivar e os olhos lacrimejarem só de pensar na comidinha.

Eu senti desejos de chupar dindim de tamarindo. Fácil? Não, porque tinha que ser o dindim de tamarindo feito pela avó do Alex, que mora em Ipiranga, pertinho de Picos.  Depois de muito tentar com dindins feitos e comprados aqui em Teresina, o amor da bisa e o amor de um casal de amigos trouxe pra mamãe da Luísa os tão desejados dindins de Ipiranga. Delícia!

Ah! Também senti desejo de comer manga e panelada. Prontamente atendidos. A manga uns amigos do trabalho resolveram rapidinho. A panelada, uma vizinha linda, avó de coração das minhas filhas, fez especialmente para a mamãe aqui se esbaldar. Divinos!

E por que eu resolvi falar tudo isso? Porque essas diferenças nas gravidezes me levaram a pensar que, assim como a espera pelos filhos, os próprios filhos também são muito diferentes. Desde a barriga. Desde sempre, eu acho.

É claro que espero pela Luísa com a ansiedade e o amor com que esperei pela Laura. Mas ainda assim é diferente. Além de imaginar como será o rostinho dela, o desenho de suas mãos, a cor de seus olhos, imagino também como será quando Laura a vir, como será a relação das duas...

Não espero e nem desejo que Luísa seja uma “cópia” da Laura. Luísa é linda e amada por ser quem é, por cada pedacinho do seu ser, assim como sua irmã.

A gravidez já me prepara para as diferenças e semelhanças entre as minhas meninas. Penso que ser mãe é amar cada pedacinho dessas diferenças e dessas semelhanças. É reconhecer nos filhos a beleza única de suas almas. E o amor cresce bem mais que a barriga...

Por: Viviane Bandeira, jornalista, mãe da Laura, de uma estrelinha e esperando Luísa
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