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Duas cartas de amor no jornal - Parte final

Enfim, o fim...

15/06/2016 11:12

Passaram-se várias semanas desde que dois desconhecidos trocaram correspondências em uma página aparentemente menos valorizada do jornal local. A primeira se dirigia à moça que um dia disse adeus; a segunda uma resposta, ou quase isso, ao remetente da missiva que deu início a uma pequena agitação nos leitores, cujos e-mails chamaram a atenção do editor para aquela história entre duas pessoas, para ele desconhecidas.

Como bom investigador o editor chefe acabou descobrindo que o autor da primeira carta tinha uma certa amizade como o dono do jornal, do qual ele era funcionário. Não sabia ao certo qual o interesse de seu superior na publicação da missiva; poderia ser por amizade, por apadrinhamento. Duvidava que fosse algum jabá – no jargão jornalístico uma publicação paga. E prosseguiu analisando as entrelinhas daquela história.

As assinaturas não ajudavam muito. Pepeu? Parece um apelido de um adolescente de 15 anos. Ana P. ? “P” podia ser de qualquer sobrenome. Pereira. Pádua. Pacheco. Padilha... Padilha... Esse último nome lhe pareceu familiar por alguma razão. Lembrou-se do último jantar de que participou, uma homenagem prestada aos figurões da “sociedade”. Alguém de sobrenome Padilha foi lembrado na mesa em que se ele estava, na companhia de alguns conhecidos. Comentavam de uma filha desse cidadão, cujo casamento fracassou e que estava de volta a cidade. Na hora ele não deu muita atenção. Dispensava fofocas aos colegas de colunas mais afeitas a este tipo de informação – sem muita importância para ele. Mas agora... Aquilo começou a fervilhar na cabeça do jornalista da velha guarda... Foi atrás de alguns colegas para ver se conseguia alguma coisa.

O faro do homem estava certo. Padilha era o sobrenome da moça. Ana Joaquina Padilha Neta. Ela havia voltado para a cidade após um casamento realizado às pressas que culminou em separação pouco tempo depois. Ficou pensando se devia entrar em contato. A curiosidade foi maior. Não apenas falou com a moça como conseguiu informação suficiente para escrever uma semana depois, ele mesmo, sob o título Duas cartas de amor no jornal

Muitos leitores devem lembrar de que este informativo publicou há algumas semanas duas missivas de autoria desconhecida. Como vários dos amigos - alguns que incentivaram a publicação da segunda carta a partir de seus  e-mails solicitando mais informações a esta redação – o editor chefe ficou interessado em mais detalhes da história, por incrível que pareça, pois isso mais se assemelhou a aguardada continuação de um folhetim, gênero que sinceramente nunca foi do meu agrado.

Pois venci meus receios – além de meu preconceito para com essas notícias, ditas de cunho social- e resolvi investigar mais a repeito dos tais remetentes anônimos. Para satisfação do público informo que o encontro entre os dois aconteceu pouco depois da publicação da segunda carta. Os dois amigos, por força do destino acabaram por se separar. Por causa das publicações em nosso jornal reataram a amizade e estão fazendo planos para o futuro...

Ana P. Tem um filhinho de um ano e agora deverá dedicar-se à maternidade e as aulas de canto, que abandonou ao se casar. Pepeu pretende abrir a sua própria padaria. Por sinal, as padarias são
bem frequentadas. Inclusive por executivos, empresários de vários ramos... Segundo ele, a padaria que passou a frequentar na pracinha lhe abriu portas.

Os dois não dão muitos detalhes a repeito do que aconteceu. Isso ficará para imaginação dos amigos leitores. Posso sugerir que se trata de um caso de palavras não declaradas a tempo. Espera-se que haja tempo
agora para os acertos. 

Posso adiantar também meus sinceros votos de felicidade a um certo casal, e claro ao pequeno Nicolas – filho de nossa remetente, de cuja história tenho a satisfação de dizer este jornal fez parte de forma decisiva como em poucas vezes este editor foi capaz de testemunhar.  

The End 

Aldenice Sousa

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