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Apontador de Ideias - A melhor companhia - Parte I

As palavras que eu guardei pra mim

20/03/2015 13:21

A escrita sempre serviu pra mim como o melhor antidepressivo do mundo. Umas linhas, curtas, longas, tortas, retilíneas: era o momento em que um encontro realmente resolvia as coisas do meu coração, que sempre foi feito de rabiscos. Não esqueço que meus problemas existem, é como se os colocasse sobre a mesa e fosse capaz de olhá-los mais de perto.

Em um momento infeliz, me disseram que eu era muito boa com as palavras, eu retifico: elas que são boas comigo, porque quando estão ausentes, fazem bem; quando consigo usá-las direito, me fazem bem também. A questão é para quem direciono o que digo, escrevo, silencio. O que tenho certeza é que devo usá-las corretamente nos momentos de incerteza, ou devo me calar e fugir de dizê-las a outras pessoas nestes instantes escuros. Quando as palavras foram entregues com carinho e jogadas ao vento pelo destinatário, a gente não deve mais desperdiçá-las, porque elas são caras, são preciosas, e devemos, ser gratos a elas.

Deixei de escrever a muita gente, a quem minhas palavras eram abarrotadas em pacotes, e depois descartadas como os restos de sentimentos, como excreta emocional. Entretanto, tenho o prazer de contar e de agradecer-me, porque li, escutei e respondi a mim mesma. Peço-me perdão, porque em alguns momentos eu estive realizando um descarte desenfreado das minhas palavras aos outros, enquanto deveria parar para ouvir-me por alígeros minutos.

Sempre gostei de me juntar às almas irremediavelmente sensíveis, como a minha, e a frieza sempre me espantava. Porque mesmo quando eu sentia, as palavras tomavam formas em imagens, em gestos, e de algum modo precisavam sair: até meu silêncio sempre disse milhares de coisas. Agora, já que tem alguém aí, lendo essas coisas, entende que, hoje, minha melhor companhia serão as palavras que eu guardei pra mim.

Por: Julianny Nunes
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